segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A cada ano que nasce, redobram-se nossas esperanças e nosso desejo de sermos felizes.
O momento é mágico e, realmente, nossa mente se une ao do Criador, cobrindo a Terra de ternas vibrações de paz.
Nos tornamos mais fraternos, mais solidários e otimistas.
Eis o segredo para a vitória. Positivarmos a mente para nos sintonizarmos com vibrações iguais. Acreditar e tudo fazer para realizar.
Tudo de bom acontece quando temos certeza que vai acontecer. Temos de acreditar.
Desejo um Ano Novo super feliz, cheio de boas realizações, tornando novos todos os dias do Ano.
Feliz 2009! Muita paz!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Feliz Natal!


Esta época sempre nos leva a refletir sobre questões importantes. Nos faz mais fraternos e nos leva a desejar o melhor para todos.
Mas, devemos fazer de cada dia, de cada ano, uma nova etapa na construção de nós mesmos, buscando sempre liberdade para caminhar de nosso jeito, iniciativa para chegar aonde queremos, zelo por nossas crenças, nossos sonhos e nossos objetivos.
Desejo que o Natal traga este espírito fraterno e conciliador para que permaneça em todo o Ano Novo que já chega.
Boas Festas!
Muita paz!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Natal diferente

Ai ai...ainda estou com uma enorme vontade de modificar o mundo!
Soninha samaritana - a luta continua.
Mas, quero deixar desde já, uma mensagem de Natal, desejando a todos que me lerem, o mais pacífico Natal e que se realizem todos os seus mais belos sonhos.
Muita paz!!


Lá ia Papai Noel, todo afobado, com sua lista enorme de presentes que tinha de providenciar.
Ao longo do ano ele havia recebido zilhões de cartinhas, e-mails e recados em blogs do mundo inteiro. Até contratou mais duendes para ajudá-lo, pois os que já estavam com ele há milênios, já não davam conta do trabalho.
Sentia-se feliz em ter gerado mais empregos, mas, ao mesmo tempo, achava-se velho e cansado. Mamãe Noel, toda preocupada, pensou em algo fazer para ajudá-lo.
Começou a organizar toda a correspondência escrita, enquanto aprendia a lidar com o computador novo, um notebook de última geração. As tarefas de casa foram delegadas às secretárias do lar que ela havia contratado recentemente, justamente para ajudar ao seu bom e velho companheiro Noel.
Examinando a bolgsfera de Papai Noel, tratou logo de criar o seu blog, uma espécie de blog matriz, onde ela poderia organizar todos os pedidos, selecionar por setores e encaminhar os pedidos para o departamento de produção.
Noel estava satisfeitíssimo com o desempenho de Mami (como ele a chamava, carinhosamente). Tanto que, aproveitando a eficiência de Mami, ele pode fazer uma viagenzinha emergencial lá para os lados da América do Sul, onde tinha de conversar com algumas crianças brasileiras.
Milhares de crianças que tinham pedidos especiais ao bom velhinho. Elas não compreendiam porque tinham de ficar esperando por vagas em creches e escolas, esperar por alimentos e moradia, por assistência médica, mesmo depois do advento do estatuto da criança e do adolescente. Elas diziam ao bom Noel que achavam injusto esperarem por corações, pulmões, córneas, rins, fígados, peles, por tanto tempo, até morrerem, com tanta gente morrendo e desperdiçando estes órgãos todos que poderiam salvar suas vidas. Perguntavam a ele por que tanta comida jogada fora, tanto desperdício e suas barriguinhas estavam vazias e doendo de fome. Não entendiam porque viam tantas crianças aleijadas, cegas, paraplégicas, tetraplégicas que não podiam brincar junto com elas, mas, viam homens saudáveis viajando em seus aviões de luxo para irem brincar em suas praias particulares. Elas não poderiam entender isso, pois algumas delas, não tinham sequer água para beber.
Noel a tudo ouvia e se esforçava por conter as lágrimas que teimavam em escorrer por sua face corada e por sua barba branquinha.
Mami que a tudo via e ouvia, através de videoconferência, também se penalizava com aquela situação.
Muito difícil para aquelas crianças entenderem tantas toneladas de comida jogadas no lixo, tantos bilhões em moedas valiosíssimas direcionadas para a compra de bombas e mísseis que matam e verem os hospitais que salvam vidas, caindo aos pedaços, sem recursos para os mais simples exames laboratoriais ou para meros curativos.
Homens viajando pelo espaço sideral e crianças morrendo de dengue ou sarampo.
Noel decidiu pedir para as crianças se mobilizarem num grande movimento para a mudança destas coisas erradas. Pediu a elas que nunca se tornem adultos como estes de agora, que preferem ficar com suas bundas bem acomodadas em suas poltronas, em frente aos seus computadores, chorando diante de e-mails fantasiosos e os encaminhando a Deus e o mundo, sem nada fazerem, efetivamente, para que ocorra a mudança necessária. Bastaria uma visita a um hospital ou a um asilo e levar uma palavra amiga, um abraço...Só isso bastaria para salvar vidas da desilusão, da depressão, da solidão...
Se compadecem com cenas dantescas de e-mails viróticos e nem lembram que bem na esquina de suas casas poderá haver uma creche precisando de voluntários... Uma horinha por semana, apenas...
Noel orientava as crianças que tudo deveria partir de meras ações, como por exemplo, não jogar lixo na rua ou reaproveitar os alimentos, reciclar materiais... Coisas simples que podem ser feitas no lar de cada um. Disse a elas que só a educação as fará melhores e que elas deveriam gritar aos líderes governamentais para que eles comecem a fazer alguma coisa positiva e urgentemente.
Mami tratou logo de enviar esta mensagem a todos os seus contatos do Messenger e de sua lista de endereços eletrônicos, porém, com um diferencial... Estas mensagens estavam repletas de vibrações amorosas e impregnadas com as vozes de todas as crianças brasileiras e de todo o mundo.
Noel magnetizou amorosamente todas estas mensagens, para que todos que a lerem, daqui para frente, possam ser inundados por este amor e se contaminarem com a vontade verdadeira de fazerem o melhor de si para que o mundo possa se melhor também.
Desta vez, o verdadeiro espírito do Natal fará sua parte e permanecerá nos corações humanos para sempre!
Feliz Natal a todos! Muita paz!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Façamos nós

É interessante esta luta humana em busca do necessário...
Na barriga da mãe estamos protegidos e ela nos supre. Mas, logo que saímos da barriga, começa nossa luta pelo necessário, já gritamos chorando, em busca do ar para respirarmos para depois irmos, sedentos, ao seio materno em busca do alimento.
Em pouco tempo, vamos conhecendo-nos, descobrindo nossas mãos, nossos pés e nos encantamos conosco. Logo vamos percebendo o que tem ao nosso redor... Olhamos quando ouvimos alguém nos chamando pelo nome e verificamos que tem muita coisa ao nosso redor. Então, nos mexemos, nos arrastamos meio desengonçados até conseguirmos engatinhar para irmos buscar o que descobrimos e que passa a ser necessário para nós. É uma grande luta, mas, através deste esforço de nos arrastar, engatinhar, esticar, nós conseguimos, finalmente, andar.
Pronto. A sorte está lançada. Agora passaremos a ter novas necessidades. Quantos tombos buscando o que queremos. Sempre aquela luta pelo material.
É imperioso, também, nos aprimorarmos para adquirirmos o que julgamos necessário. Para termos o bem material, nos esforçamos pelo aprimoramento e pela qualificação intelectual, profissional, financeira...
Necessitamos da escola primeira... Depois, as escolas secundárias, técnicas, depois as faculdades, as especializações, naquela busca incessante pelas muitas coisas efêmeras que necessitamos.
Mas, Deus não nos proíbe de lutarmos por isso. É lei natural a do progresso. É nosso dever progredir. Se assim não fosse, o homem não teria descido da árvore, não teria saído das cavernas.
Mas, o grande problema é o excesso. Sim. O excesso nos encarcera. Supervalorizamos o supérfluo e nos esquecemos que o mais importante são os valores morais, a qualificação moral, espiritual.
A humanidade (grande parte dela) inverteu alguns valores e passou a dar mais importância em ter, esquecendo-se, muitas vezes, de ser.
Infelizmente, nesta empreitada desesperada buscando o necessário que passa a ser, em pouco tempo, supérfluo, as pessoas ignoram certos princípios morais, acabam prejudicando pessoas, sem o menor escrúpulo.
Bem, mas, isso é com elas, diríamos muitos de nós. Porém, me pego pensando sobre isto. Sobre como o mundo seria melhor se fôssemos melhores.
O que está em nossas mãos fazer para modificar o que deve ser modificado? Qual a nossa responsabilidade, como seres humanos, nesta obra maravilhosa de Deus? Quais seriam nossas reais necessidades?
Penso que devemos fazer aquilo que já entendemos como certo e não ficar esperando que o outro faça. Façamos nós. Façamos a nossa parte. Já é um bom começo.
O todo só irá mudar, efetivamente, quando a unidade mudar.
Mãos a obra.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Adoção, vitória

Ao se aproximar o momento em que todos os participantes desta blogagem coletiva sobre adoção iriam postar seus textos, fiquei numa expectativa enorme.
Chegou o momento e estou muito feliz por poder participar deste movimento maravilhoso, encabeçado por Georgia e Dácio. Sou grata a eles que, direta ou indiretamente, nos convidaram a participar.
Em meu humilde texto, relato uma história verdadeira, relembrada com lágrimas quando a escrevi.
Entrego-lhes com muito carinho e respeito.
Obrigada! Muita paz!

Em nosso trabalho voluntário, lá no Centro de Assistência e Promoção Social Ana Vieira (CAPSAV), nos deparamos com muitas histórias. Especialmente lá na creche, somos obrigados a conhecer a história de todas as crianças e suas famílias.
O CAPSAV é constituído por 03 unidades, uma delas é a Creche Irmã Chiquinha que recebe, diariamente, 130 crianças de 0 a 4 anos, de famílias totalmente carentes. Porém, as mãezinhas têm de comprovar que trabalham e que não tem onde deixar seus filhos.
O fato de serem carentes no sentido material, não significa que todas as famílias que são assistidas sejam ignorantes. Têm mães e pais que estudam também, além de trabalharem.
Certa vez enfrentamos um problema muito dramático. Tínhamos, aos nossos cuidados, três crianças que ficavam lá na creche das 7 h da manhã até as 17:30 h, quando sua mãe, a Maria, ia buscá-los, após seu dia de trabalho. À noite estas crianças ficavam com o pai, pois a Maria estudava. Fazia supletivo para poder ter mais preparo. Ela queria melhorar de vida, ter um emprego melhor e, para isso, enfrentava a jornada de aulas noturnas, depois de um longo dia de trabalho pesado.
Esta mãezinha sofria de asma que lhe causava grande sofrimento. Fazia uso de medicamentos, inclusive, aquelas “bombinhas” com medicamento bronco dilatador. O pai, desempregado, fazia uso constante de alcoólicos, trazendo muitos aborrecimentos, não só à mãe como também às crianças e a nós, da creche.
Certa vez, numa sexta-feira, a mãe foi retirar as crianças e observamos que ela estava muito mal, atacada da bronquite asmática que lhe fazia sofrer muito. Debilitada ao extremo, percebemos o imenso cansaço e desespero desta mãe.
O seu filho mais velho, de nome Álvaro, já havia ficado alguns finais de semana na casa de uma de nossas diretoras, a Laura, que queria, justamente, colaborar com esta mãe que, aos finais de semana, tinha de arrumar sua casa, lavar as roupas das crianças e as dela e do marido, cozinhar, passar e tudo o mais que se tem a fazer em casa. O marido, sempre bêbado, em nada colaborava. Ao contrário, só trazia mais problemas com sua bebedeira, originando dívidas, brigas na rua e em casa, chegando inclusive a bater nas crianças e na mulher.
Laura estava se apegando demais ao menino Álvaro e ele a ela. O pai ficava muito enciumado e chegou, algumas vezes, a impedir que o menino ficasse com Laura.
Neste dia, na sexta-feira, quando vimos o grande abatimento da mãezinha, Laura ofereceu-se para ficar com o menino e a mãe negou dizendo que o pai havia proibido.
Na segunda-feira, logo de manhãzinha, recebemos as crianças como de costume. Sentimos a ausência daquelas três crianças. Ainda durante a amanhã, chega-nos a triste notícia. Maria, a mãe das três crianças, havia ficado muito mal na sexta-feira e durante todo o sábado. O marido, sempre fora de casa, bêbado, chegara somente no domingo, como costumava fazer. Os vizinhos relataram que as crianças estavam chorando muito, desde a noite de sábado e durante toda a madrugada. O homem abre a porta da casa humilde e se depara com o corpo da esposa, já enrijecido. Sim. Morta. Quem poderá dizer o sofrimento desta mãezinha, sem ar para respirar, usou o medicamento à exaustão. Seu coração não suportou o excesso do medicamento. Ela faleceu, tentando viver. As crianças, de tanto chorarem, adormeceram ao lado do corpo da mãe e só acordaram com o movimento e barulho do pai ao entrar em casa, junto com os vizinhos.
O desespero toma conta de nossa querida Laura. Todos nós, compadecidos com o acontecimento trágico, não conseguíamos atinar com as idéias.
Bem, foram dias tristes e semanas intensas de providências que tiveram que ser tomadas, dando assistência a esta família.
Durante este período, as crianças foram divididas entre familiares, haja vista a incapacidade do pai, por sua condição de alcoólatra. O menino maior, Álvaro, ficou em casa de Laura. Os outros menores ficaram em casa de parentes próximos.
Os dias corriam normais e Laura se apegava cada vez mais ao menino. O pai, enciumado, ia à creche e sempre fazia confusão, muitas vezes com discussão exacerbada sobre o menino e com nossa colega Laura. Um dia, Laura protocoliza, na Vara de Família do poder judiciário, o pedido de guarda desta criança e, após exaustivo processo, consegue a guarda provisória.
O pai, inconformado, passa a infernizar a vida de nossa querida Laura, entrando também na justiça para reaver a guarda do menino. O processo foi longo e doloroso. O menino, na época, estava com 4 anos de idade e no ano seguinte não poderia mais freqüentar a creche, pois nosso trabalho é dedicado a crianças de zero a 4 anos e 11 meses.
Sempre encaminhamos as crianças da creche quando alcançam esta faixa etária, para as escolas municipais de educação infantil, para onde o menino Álvaro seria encaminhado.
Com o processo em andamento, o juiz da Vara de família devolve a guarda ao pai que desaparece com as crianças e ficamos sem notícias por longo tempo.
Com imenso pesar Laura prosseguiu no trabalho redentor da creche, sempre lembrando do menino Álvaro e seus irmãozinhos, temendo pelo destino de todos.
Os anos se passaram. Oito anos, para ser mais exata. Numa manhã, iniciando os trabalhos da creche, surge no portão uma mulher com 03 crianças aos seus cuidados, uma delas, um pré-adolescente, loirinho e tímido. Ao ver Laura o menino abre um enorme sorriso e corre ao seu encontro, abraçando-a em prantos. No mesmo instante Laura reconhece Álvaro, agora tão crescido, com ares de homenzinho, nos seus 12 anos.
A alegria e emoção envolveram a todos os funcionários da creche. Todos queriam saber dele tudo o que havia se passado.
A mulher, que era a tia das crianças, relatou a triste história. O pai das crianças, quando obteve a guarda de Álvaro e dos irmãos, mudou de cidade. Voltou para seu lugar de nascimento, no nordeste brasileiro, sem destino, sem emprego, sem nada. Durante todo este tempo, fazia “bicos” para obter algum dinheiro e consorciou-se com várias mulheres, explorando-as de todas as maneiras, exigindo delas que cuidassem das crianças. Álvaro e seus irmãos sofreram todo tipo de maus tratos, passando até fome e sofrendo violências físicas, como surras e cárcere privado.
Esta tia havia prometido diante do túmulo da irmã querida que morrera deixando os filhos, cuidar deles ou, pelo menos, encaminhá-los para que tivessem educação e segurança.
Fez contatos com familiares das crianças, lá no nordeste e conseguiu o paradeiro deles.
Com ajuda de força policial, trouxe as crianças de volta para SP e nos procurou, na creche, a fim de ter a orientação necessária para bem cuidar dos menores.
Nossa Instituição a ajudou em tudo. Nossa querida Laura agilizou tudo para que as crianças menores pudessem ficar com a tia. Esta tia concordou que Álvaro deveria ficar com Laura de quem o pai jamais deveria ter tirado.
Após os trâmites legais, Laura, mesmo com 74 anos de idade, ganhou a guarda definitiva de Álvaro e a tia a guarda definitiva dos outros dois menores. O meritíssimo Juiz estabeleceu, também, a não aproximação do pai das crianças, sob pena de prisão, caso ele insistisse.
Hoje Álvaro já está com 16 anos e estudando o curso de ensino médio. Pretende fazer faculdade de Direito e abraçar as causas de família. Seus dois irmãozinhos também estão estudando e vivem felizes em companhia da tia querida.
Neste meio tempo, Laura ficou viúva, mas, sente-se feliz pela dádiva da vida, por tudo de bom que a vida lhe ofereceu e por Deus ter-lhe trazido Álvaro, seu filho adotivo amado, de volta. Com certeza ele cuidará de sua velhice com todo amor e carinho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Os óculos


Lá na Instituição, aos sábados, é uma correria e tem mais barulho do que nos outros dias. Aos sábados recebemos as crianças. É o dia delas. Com aquele burburinho típico, com a rotina completamente mudada por conta de suas risadas deliciosas, de suas múltiplas perguntas que exigem respostas imediatas, por sua curiosidade mais do que normal, chegando a ser atrevida, às vezes.
Que delícia isto tudo.
Naquele sábado, quando as expositoras se preparavam para mais uma aula e se dividiam para os afazeres da festa do dia das crianças, Adelaide ralhava com as crianças, descendo as escadas freneticamente, a procura de seus óculos. Chamava, pelos nomes, os alunos e os advertia que, se não encontrasse os seus óculos, suspenderia as atividades de preparação para a festa do dia das crianças.
Mas, com aqueles sorrisos lindos e desinteressados, com aquele jeitinho traquina, as crianças se atropelavam, subindo e descendo as escadas, na maior correria, deixando nossa pobre Adelaide completamente sem rumo.
Voltem aqui já! Não corram! Ai meu Deus, esta escada! Cuidado meninos e meninas! Andem mais devagar! Onde estão meus óculos? Vocês têm de me dar conta disto, ou, nada de festa, heim!
Tia Adelaide, preste atenção. Diziam eles sorrindo, sem parar de correr. E caiam na risada.
Cantavam as canções, já tantas vezes ensaiadas em sala de aula e revezavam nas explicações sobre a coitada da Adelaide que não conseguia alcançá-los.
Lá vem tia Beth e tio Tadeu em seu auxílio, tentando controlar as crianças com sua energia sem fim. E, num instante, as crianças são direcionadas para suas salas de aula e a ordem volta a reinar. Cada turma é orientada para seu dever do dia. Cada sala tinha a incumbência de confeccionar as lembrancinhas e montar os kits de guloseimas para a festa. Outras se empenhavam nos ensaios das músicas e de outras apresentações para a festa. E lá ia Adelaide, resmungando aflita, procurando por seus óculos. Sem eles, ela não poderia fazer nada. Precisava ler e escrever e ainda muita coisa tinha de ser feita. Tinha de repassar tudo e organizar de forma simples para distribuir o roteiro da festa a todos, crianças e adultos.
Onde estão meus óculos? Não estou gostando nada desta brincadeira. Estas crianças são terríveis. Falava alto para todas ouvirem, mas, em seu rosto havia aquela expressão bonachona que as crianças conheciam tão bem. As crianças amavam muito a querida tia Adelaide.
A tarde era curta para tantas atividades. Fizeram todos os cartazes, embalaram os doces e chocolates, acondicionaram nas sacolinhas, fizeram todos os desenhos, ensaiaram as falas para a apresentação teatral, decoraram o jogral, enfeitaram as salas e o salão principal, cantara, riram, escreveram, brincaram... Sempre alegres e dispostos, supervisionados pelos tios Tadeu, Beth e Adelaide...
Quase no fim do período, quando as atividades já estavam por se encerrar, Adelaide, já meio descabelada e super atrapalhada por não enxergar direito, senta-se e tenta enxugar o suor que já lhe escorria pela face. Ao passar seu lenço pela testa, sente algo estranho e é surpreendida por um objeto, preso ali.
Entre risadas estrondosas e muitas piadinhas das crianças e dos outros expositores, Adealide também gargalha de seu constrangimento. Olha aí onde estavam os seus óculos, o tempo todo. Em sua testa, bem firme e imponente, como um verdadeiro troféu.
Logo deduziu que todos estavam vendo, menos ela e que as crianças haviam, realmente, lhe pregado uma peça, não contando onde estavam os óculos, a vista de todos, menos dela mesma.
Aos gritinhos, as crianças lhe diziam: viu só, tia Adelaide, quem tem de prestar mais atenção?
E todos riram em conjunto
, muito felizes, por mais uma tarde na Instituição, ao lado de tão queridos companheiros.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Super poderes

Amanhece. Segundona pela frente. Vamos que vamos.
Depois de um final de semana maravilhoso com meu amor, tenho muito mais energia para enfrentar a semana de trabalho e toda a rotina, típica dos que moram e trabalham em grandes metrópoles. Trânsito caótico, poluição, horário para tudo, estas coisinhas.
Lá pela hora do almoço, sinto dor no pé direito. Incômodo, dor. Parecia que queimava e que o calçado que eu usava iria se rasgar, pois eu sentia o pé inchando muito.
Vou ao banheiro e retiro as botas, as meias (estava frio ontem pela manhã) e verifico o estrago. Na planta e peito do pé uma vermelhidão enorme e uma bolha imensa se formando. Há alguns meses atrás, eu recebi uma picada de aranha que me causou uma inflamação bem difícil de sarar. Custou-me 05 dias de repouso, com a perna elevada sobre almofadas, medicamentos fortíssimos e observação constante, pois a minha pressão arterial tem mania de grandeza e resolveu ficar nas alturas (risos).
Sarei. Bem, pensei que sarei. Porque, passados estes meses, eis que volta o problema, no mesmo pé. E, sem perder a calma e mantendo o bom humor, só me restou voltar ao médico e enfrentar a rotina do tratamento, de novo.
Já em casa, largada sobre a cama por força do repouso compulsório, coloquei a caixa postal em dia e li muitas coisas que há muito eu precisava para terminar algumas palestras em andamento e aulas.
A leitura sempre nos leva a viagens incríveis e eu comecei a devanear, durante uma delas. Logo me imaginei em franca metamorfose, por conta da picada da aranha. Imaginei que eu estava a me transformar na mulher aranha, como no filme... rsrs..Com super poderes, do tipo, força física, invulnerabilidade contra doenças e contra ataques inimigos. Logo me vi desembaraçando do trânsito caótico de minha cidade com minha teia super versátil, grudando no topo dos edifícios daqui e dali, com uma paradinha obrigatória para verificar os cabelos e retocar o batom, evidentemente. Sim. Porque, enfrentamos os bandidos diários, como as contas do mês para pagar, a inflação, corrupção, a derrocada do dólar e, em seguida, sua ascensão vertiginosa, sem ao menos termos tempo de fazer os cálculos (dos prejuízos, claro), propagandas políticas com sua poluição sonora e visual super desrespeitosas, os problemas diários do trabalho, a preocupação com o jantar, fazer o hipermercado, banco, faculdade do filhão, os probleminhas de minha filha (que são problemões), escola das meninas, a Instituição (esta não é bandida, ao contrário, é meu posto de abastecimento de energias), uma paradinha no shopping (ninguém é de ferro) e tudo o mais que enfrentamos, sem cair do salto, nada mais lógico que, com meus super poderes eu não poderia sair por aí, voando ou pulando, sei lá, com minha teia e descabelada, não é?!
Até incluí, em meus devaneios, o salvamento de muitas pessoas de chefes arbitrários, de empresários desonestos, de assaltos (nossa, olha o poder), de seqüestros, de vizinhas chatas, de comerciantes espertinhos, de maus tratos de todos os gêneros...as salvando da falta de esperança, falta de paciência, da falta de fé e de amor, da pressa e da falta de tempo para ver as coisas mais simples da vida, etc...Me vi levando paz a todos os lugares...
Verifiquei meu pé doendo e vi que super heróis não teriam um problema destes. Então, pensei que, tudo aquilo poderia ser marcas de alguma abdução. Sim....Isso....Quem sabe não fui abduzida por alguma nave extraterrestre e, meio desajeitada com meu scarpin altíssimo, acabei tropeçando dentro da nave e encostei o pé em alguma alavanca meio quente e destrambelhou a nave toda, levando os ETs a me desembarcarem (contra minha vontade, lógico) na primeira parada de naves que eles viram.
Eu não me lembro muito bem, mas, devo ter vindo a pé para casa porque o tamanho da bolha no meu pé não é brincadeira.
Toca o meu celular, o despertador me avisando sobre o medicamento. E acordo, até babando, pois não estou acostumada a tirar um cochilo destes, em plena tarde de terça-feira.
Que pena! Sonhei tudo aquilo. Volto a ter os meus meros poderes de mulher do mundo, real até demais, mas, cheio de coisas boas pra curtir também.
Bem, tomara meu pé sare logo, pois, assim sim, terei meus super poderes de volta. Ser mulher já é algo extraordinário. É poderoso.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Blogagem coletiva - adoção

Estou feliz em poder participar deste movimento em prol da adoção.
Convido a todos os amigos para engrossarem estas fileiras abençoadas, divulgando este trabalho e participando da mesa redonda que acontecerá entre 10 e 15 de novembro próximo.
Participem! Até lá!
Muita paz a todos!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O amor vencendo o tempo

Olhando aquele quadro, numa exposição na Pinacoteca de SP, Sara trazia para sua lembrança o rosto de seu amado Luiz.
Era como se ela voltasse no tempo, revivendo todos os momentos que eles se amaram.
Ela conseguia, como num passe de mágica, voltar no tempo e ver todas as épocas das vidas que juntos tiveram.
Via-se como plebéia a correr com seu amor pelos campos dos pastores nômades da Roma antiga, escondendo-se dos patrícios que queriam ser superiores a todos.
Recordava os momentos cruéis das cruzadas, a esperar pela volta de seu amado das batalhas sangrentas, depois dos combates contra os inimigos do cristianismo nas Terras Santas de Jerusalém.
Trouxe à memória doces lembranças dos tempos em que encontrava-se com seu amado, às escondidas, nos corredores e salas secretas das maravilhosas igrejas que guardavam em seus altares e santos as mais belas juras de amor eterno, ditas por seu querido quando ainda estudante de Galileu Galilei, em épocas renascentistas.
Olhando, agora, a réplica da Gioconda de Da Vinci, naquela sala moderna da Pinacoteca, ouvia o burburinho das grandes festas burguesas da sociedade feudal, quando brindava ao amor, junto com seu amante misterioso, depois de beijos ardentes e promessas de novos encontros secretos nos arredores do palácio.
Conseguia sentir o cheiro das ruas e dos campos cobertos por girassóis, da Rússia em plena revolução, e de feromônios quando se perdia nos beijos e no sexo feito com toda a volúpia, rolando pelos campos, enquanto pôde esconder a barriga da gravidez inevitável. Fruto querido de seu amor vivido com toda a plenitude da juventude.
Doces lembranças de seu amor vivido quando eram ativistas de revoluções comportamentais da década de 1950, quando o mundo experimentava grandes inventos tecnológicos, como a televisão e festejava os fins de guerras e finais de campeonatos esportivos.
Quando enfermeira, em plena guerra do Vietnã, cuidou das chagas de seu amado que voltara da batalha, sangrando e inconsciente, voltando a si com as mãos carinhosas de Sara ao lhe fazer os curativos. Foi amor instantâneo.
Nos sertões nordestinos brasileiros ou nos rincões distantes rio-grandenses, colhendo as mais deliciosas uvas para a produção dos vinhos, viu seu amado deliciar-se observando-a em seu pisar ritualístico nas uvas.
Ao observar todas aquelas obras de arte, sua mente se enchia destas doces lembranças existenciais, ao lado de seu amor. Amor que resistia a tudo. Atravessavam os tempos se amando sempre, experimentando tudo o que a juventude podia e queria.
Atravessaram o tempo tocando guitarras, fumando baseados e cheirando cocaína, nas sendas dos anos dourados, sem deixarem, um instante sequer, deste amor bandido e, ao mesmo tempo, amor puro, que resistiu ao tempo e às exigências de todas as reencarnações.
Reviveu os dias felizes quando se encontraram depois de uma reunião entre amigos, quando ela cantava pelo aniversário de um deles e Luiz, encantado, foi-lhe cumprimentar.
Desde aquele momento, até o fim, não deixaram de se falar um dia sequer. Encontravam-se sempre em momentos de intensa paixão e amor.
Trocaram juras e promessas, novamente. Viveram, em um ano e alguns meses, o mais intenso amor, o romance mais lindo que eles já haviam tido.
Quantas vezes riram juntos em deliciosas conversas ou choraram juntos com os mais diversos problemas, resolvidos ou não, mas, sempre juntos e amando sempre.
Selavam mais uma existência com este amor maior, que parecia transcender a outros mundos.
Lembrou com lágrimas copiosas o momento supremo da passagem de Luiz para a espiritualidade, nesta última encarnação, dizendo: Sara, meu amor, meu eterno amor.
Aquela doença cruel levara seu amado para outra dimensão da vida, deixando-a novamente só.
Mas, Sara sabia que isto era momentâneo. Porque a morte faz parte da vida e a morte é, apenas, uma transformação. Um dia, eles se encontrarão novamente, para viver este amor, realizando todos os sonhos que eles têm direito e para os transformarem em realidade.
Por Sonia Astrauskas

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Em homenagem ao mês da criança.

Brincadeira de criança

Tudo começou quando eu quis fazer uma arrumação nos armários da cozinha que, ultimamente, parecia que havia passado um terremoto por lá.
O dia estava chuvoso e orientei as crianças para que ficassem assistindo a TV na sala, enquanto eu me desembaraçava do trabalho. Vesti uma roupa bem confortável e bem usada, peguei escada e outros utensílios, me enchi de coragem e iniciei a árdua tarefa.
Abre aqui, ajeita ali, retira isso, limpa aquilo, recoloca tudo em ordem, num sobe e desce de escada, frenético e cansativo, fiquei tão envolvida no trabalho que mal percebi a garotada entrando correndo pela cozinha, com suas vozes cochichentas e cheia de risinhos disfarçados.
A idéia delas, segundo pude saber logo após descer os degraus da escadinha e perguntar-lhes, era, justamente, me ajudarem. Adorei a possibilidade de tê-las por perto. Assim, eu poderia fazer minha tarefa e, ainda, ocupá-las de modo saudável, sem perdê-las de vista.
Fui logo passando uma pequena tarefa, pedindo-lhes que abrissem as portas dos armários que ficavam na parte de baixo, onde eu guardava alguns mantimentos e suprimentos da casa e verificassem os itens, anotando em um papel que tratei logo de providenciar. Disse-lhes que colocassem os produtos sobre a mesa para que eu pudesse limpar o interior do armário e voltei ao meu afazer.
Entre risos deliciosos, elas se puseram na lida, assim como eu.
Eu observava seus rostos compenetrados naquilo que estavam fazendo, com seriedade invejável. Montaram uma dinâmica para poderem fazer bem feita a tarefa que eu lhes havia incumbido. Enquanto Fernanda e Giovanna retiravam os produtos de dentro do armário, Anna Luiza se encarregava de colocá-los sobre a mesa, de forma ordenada e simples, mas, muito funcional, Nathalia, que já sabia escrever os números e algumas letras e cores, providenciava as anotações em sua lista, muito bem escritas e com letra bem bonita.
Cantarolavam algumas canções infantis que me enterneciam, fazendo-me cantar junto com elas, mas, sempre acompanhada de muitas gargalhadas pelo desafino em algumas notas, de Fernanda com sua voz rouca ou de Giovanna por estar aprendendo, ainda, a cantar aquelas canções.
Quando desci, novamente, para limpar o setor onde elas estavam, qual foi minha grata surpresa ao verificar a organização dos produtos sobre a mesa. Mais parecia uma construção dos castelinhos de Lego ou tijolinhos de madeira, tantas vezes manuseados por mim, em minha infância. Elas colocaram latas e pacotes de forma organizada e interessante. Lembraram o alfabeto que estavam iniciando na escola e dispuseram os produtos escalonados da seguinte forma: os que tinham os nomes com iniciais iguais, os que eram do mesmo tamanho, os que eram de cores parecidas, os que eram exatamente iguais e assim por diante. Os que tinham mais de um item cada um eram empilhados cuidadosamente uns sobre os outros, mas, de forma como se empilham os tijolos, intercalados, como numa construção. Assim, eles não caiam. E, tudo isso, sem que eu lhes tivesse dado qualquer orientação.
Minha nossa! Fiquei pasma... E orgulhosa! Tratei de abraçar todas elas, enchendo suas bochechas coradas com muitos beijinhos, dizendo todos os elogios que as crianças adoram receber. Isso as animou a me ajudarem a colocar tudo de volta no armário, já limpo, sem deixarem de me fazer prometer que teríamos brigadeiro para a merenda.
Claro que aceitei, convidando-as para me ajudarem em mais esta tarefa, ao que fui beneficiada com os gritinhos de alegria e mil beijocas de todas.
Adivinhem se não sobrou para mim, ajeitar toda a cozinha quando terminamos de enrolar os brigadeiros? Mas, valeu a pena ter a companhia das meninas durante este dia. Tiramos fotografias de suas carinhas lambuzadas de chocolate para fazermos um lindo painel e colocarmos no quarto delas. Vai ficar lindo!
Quero mais dias assim. Uebaaaaaaaaaa!

Sonia Astrauskas

domingo, 5 de outubro de 2008

Postando pela primeira vez neste blog

Acabou

Ela partiu, sem poder dizer adeus, deixando sob a porta uma simples carta de despedida.
Queria ela poder olhar nos olhos de seu amado e dizer de sua imensa tristeza por tudo aquilo que estava acontecendo.
Ela não conseguia compreender porque razão ele agiu desta forma. Parecia um pesadelo. Coisa de louco. Sem motivos. Sem explicações. Somente um pedido para que ela o compreendesse. Mas, compreender o que? E por que?
Mas, ela se foi. Respeitou seu pedido e partiu.
Ainda andando pela cidade querida que aprendeu a amar observou tudo com detalhes... Cada cantinho, cada árvore, cada rua... Ruas por onde andaram de mãos dadas, que percorreram a pé, de moto ou de carro... A mesma saudade... Saudade de tudo o que viveram ali.
Na viagem pela estrada que ela conhecia tão bem, viu passar por sua mente todos os momentos de felicidade que experimentou nos últimos tempos de sua vida.
Recordava os rostos queridos de todos os amigos que conquistou ali.
Ela, que compreendera todos os problemas e limitações, que cercou de amor e carinho o homem que ama, agora tinha de partir, sem ao menos dizer adeus.
Mas, por amar demais, por ter um amor verdadeiro e puro, compreendia, também, que seria melhor assim mesmo. Entendia que, se a razão daquela atitude de seu amado fosse outra pessoa e que ele não tinha coragem de lhe dizer, ela sim, seria capaz de compreender e renunciar, desejando que ambos sejam felizes. O seu amor é maior e verdadeiro e ela se foi.
Partiu levando consigo uma dor gigante e muita coragem para recomeçar.
A vida lhe exigia providências urgentes.
Enxugou as lágrimas que teimavam em cair, olhou pela janela de seu carro e viu os últimos raios de sol que se despediam do dia, convidando a todos ao descanso providencial, prestou atenção na estrada que lhe exigia atenção e seguiu. Seguiu disposta a retomar sua vida, a retomar seus projetos, meio abandonados por se dedicar tanto ao seu amado.
Uma última lágrima escapa de seus olhos que ela a disfarça com um sorriso, mesmo forçado, mas, esperançoso. Ela não tinha vergonha de ter amado demais.
A noite vinha e a estrada parecia não ter fim. Os rastros deixados para trás, molhados de pranto, registravam mais uma etapa de sua vida, vivida intensamente e finalizada com a dor.
A vida segue e ela queria viver.

SBC, 29/09/2008 – Sonia Astrauskas