segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

De repente é Natal

De repente é Natal. Dezembro.
Natal, para mim, acontece durante o ano todo, sempre que nos confraternizamos, sempre que há amizade, troca de coisas boas...Sempre que acontece solidariedade, fraternidade...Aí, sim é Natal.
Mal deu tempo para tomarmos fôlego por conta das agruras da vida, por conta de tudo o que ocorreu durante o ano, pelo trabalho intenso, pela luta diária para mantermos a casa, a família, o trabalho. Nossa! Que sufoco!
De repente, chega o final do ano.
As pessoas voltam sua atenção para as festas de fim de ano. O Natal é uma data muito significativa na vida das pessoas, dos cristãos.
Aqui, no Brasil, onde há miscigenação intensa de raças, de culturas, de tradições, até os que não são cristãos acabam inserindo a festa de Natal em seus lares, absorvendo a tradição geral de nosso país.
Então é Natal!
Cresce em nós a vontade de dizer isto para aqueles que amamos. Desejar-lhes tudo de bom. Enviar cartões e mensagens. Telefonar ou enviar e-mails com mensagens natalinas. Aumenta a saudade daqueles entes queridos que já retornaram à espiritualidade. Fica uma vontade gigante de ouvir-lhes a voz, de ver seu olhar, de sentir sua pele num longo abraço.
Voltamos o olhar para a realidade para vermos o sorriso nos rostos delicados das crianças e na expressão de vida dos mais idosos.
Sentimos a esperança renascer. Refazemos planos e confiamos que tudo será melhor.
Isto tudo nos alegra e nos dá ânimo novo para continuarmos a viver. Para fazermos do Ano Novo um ano sempre novo, cheio de trabalho e de recompensas. Assim, faremos de cada dia de nossas vidas um Natal especial.
Enfim, a todos os amigos, blogueiros ou não, a todos os que vieram neste humilde espaço virtual, que leram os meus textos, que deixaram seu comentário, aos que expressaram suas opiniões através de e-mails, a todos, enfim, que de uma maneira ou de outra estiveram comigo neste 2009, desejo um Natal alegre, cheio de mansuetude e pacificação e um Ano Novo próspero e feliz.
Muita paz! Beijosssssss

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Meu filho no concurso




Olá, amigos!
Meu filho está participando de um concurso de publicidade. Está concorrendo com seis trabalhos.
O prêmio, R$ 5 mil reais, um verdadeiro estímulo para os jvens publicitários.
Peço a todos, acessarem o site e votarem nos trabalhos dele, por favor.
Para votar é preciso se cadastrar no site http://www.imprimaseuestilo.com.br/ na aba "ainda não tem cadastro?
Você receberá um e-mail de confirmação. Basta acessar o link e fazer o login. Depois, clicar na aba VOTE. Abrirá a página com as obras.
Para votar é só clicar nas 5 estrelas que tem abaixo de cada peça!
Podem votar em quantas obras quiser. Meu filhão tem seis obras e podem votar em todas.
Uh huuuuuu! Ele está como Vicente82, ok?!
Desde já, agradeço imensamente pela força.
Se ele ganhar, faremos um churrasco em comemoração e todos estão convidados, ok?!
Valeu, amigos!
Muita paz a todos. Beijossssssssss

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Relacionamento

Bacana quando se abre oportunidade para curtir bons momentos a dois. Fazer programas interessantes, divertidos, descontraídos e que ambos gostem é muito bom. E, se pintar o clima para o sexo, deixar rolar, claro.
Digo isto porque, outro dia, entre colegas da empresa, surgiu o assunto e uma delas estava bastante chateada com a sua situação conjugal. Dizia ela que precisava aquecer o relacionamento.
Difícil, Sim, porque, para estas coisas, não existem fórmulas mágicas e estas questões costumam incomodar muita gente, em especial quem vive relacionamentos mais longos.
Mas, podemos dar asas à imaginação, porém, entendo que cada pessoa precisa descobrir o caminho e investigar como anda sua própria vida. Quem está ao nosso lado também precisa de tudo isto.
Agenda lotada, compromissos de trabalho, família, cobranças, cansaço acabam deixando o lazer e o prazer cada vez mais reduzidos. Hora de abrir espaço, não é mesmo?!
Vontade de fazer sexo não funciona muito bem com hora marcada e obrigações. Tem que ser assim; tem que ser assado; tem de ser domingo; tem de ser de manhã; tem de ser isso; tem de ser aquilo...Assim não dá!
O encontro sexual envolve muito mais do que a prática do sexo. Principalmente para os mais maduros. Precisamos do “clima”, dentro ou fora da cama. Precisamos de erotismo, sem atitudes que pareçam ridículas. Precisamos de carinho, mas sem a conotação de carência. Precisamos de verdades, sem cobranças, sem mágoas, sem ressentimentos. Precisamos de paz, sem apelar por guerras antigas. Precisamos olhar para a relação como um todo, aparar arestas e sem previsões funestas.
Não podemos exigir do outro o que ele não pode dar, mas, podemos exemplificar para podermos ensinar, sem ferir.
Quanto às fantasias...bem, isso é com cada um, pois cada um sabe o que lhe deixa mais confortável e até onde vai seu limite.
No mais, vamos curtir e nos divertir, com muito amor e paz.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Chegamos lá

No início, pareceu-me algo tão distante. Mas, aos poucos, até aceitei a idéia de que tudo poderia se tornar realidade.
Participei porque achei a idéia muito boa. Escrever sobre a razão de participar de um encontro nacional, da grandeza como é o que o Betho está promovendo. Jamais eu poderia imaginar que meu texto pudesse ser escolhido. Mas, foi.
É. Chegamos lá.
Que alegria saber que, em breve, poderei abraçar amigos queridos, olhar em seus olhos, ouvir suas vozes.
Compartilhar momentos de alegria, ver as obras da Beti Timm, comprar o livro da Euza, autografado...uh huuuuuuuu
Quero que todos os amigos blogueiros estejam lá também. A alegria será maior se pudermos multiplicar abraços e inundar São Francisco do Sul com nossa vibração alegre, encher aquela cidade linda com nosso entusiasmo, acordar a todos com nossa canção de amizade e nosso barulho de risada.
O Betho fez o convite e preparou tudo para nos receber. Receber os blogueiros dos quatro cantos do Brasil e de fora dele. E nós, reforçamos este convite.
Participem também. Venham todos.
Todas as coordenadas estão nos site do Betho.
http://bethosides.blogspot.com
Parabéns a Miguel do http://prosaversochammas.blogspot.com pelo primeiro lugar, merecido.
São Francisco do Sul estará ainda mais bonita com todos os blogueiros lá e com a alegria contagiante de todos nós.
Até lá, amigos.
Muita paz! Beijossssssssss

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pessoas Especiais

Dias destes fiquei a pensar sobre as pessoas que, de uma maneira ou de outra, influenciaram em minha vida, tornando-me mais humana, me ajudando a crescer.
Obviamente lembrei de meus pais. A abnegação e carinho com que eles nos educaram, diante de tantas dificuldades enfrentadas por eles.
Fiquei feliz por lembrar, também, de muitas outras pessoas. Meus avós maternos, sempre presentes em nossas vidas, com aconselhamentos e incentivos.
O pensamento percorreu os caminhos de meu passado e pude recordar de meus professores queridos. Especialmente os primeiros. A primeira professora, que me ensinou a escrever e a ler. Eu era muito tímida e ela me incentivava e me direcionava para que eu pudesse ler em voz alta e não me intimidar diante dos colegas.
Outros mestres foram importantes. Como verdadeiros déspotas, no meu entendimento infantil, fizeram eu enxergar a vida de uma maneira diferente, indicando-me que a vida é entremeada de coisas boas e ruins.
Meu mestre que vibrava com minhas redações e elogiava minha caligrafia bonita. Ele primeiro e, depois, outra professora de português dos tempos de colégio, me influenciaram muito a escrever. Eram minha torcida uniformizada. Vibravam com minhas redações e meus trabalhos escolares.
Minha timidez desaparecia quando meus instrumentos eram a caneta e o papel. Minha voz falava alto, através de meus textos. Estes me proporcionaram algumas premiações e diplomas.
Apesar de ter seguido outros caminhos, todos os meus mestres me ensinaram muito...Desde as matérias elementares até a matemática da vida, onde somar, multiplicar, subtrair e dividir, na medida certa, sempre nos dão o melhor.
Quando sabemos aproveitar todas as lições que a vida nos oferta, podemos recolher excelentes resultados.
Lembrei-me, também, dos amigos que passaram por minha vida. Muitos deles me fizeram igualmente crescer, pela troca de experiências, pelos conselhos, pelas verdades expostas, pelas mãos estendidas e pelo coração aberto.
Amigas muito amadas ainda estão me ajudando nesta caminhada, com sua presença maravilhosa e indispensável.
Entre as pessoas que fui recordando, lembrei-me de irmãos. Sempre tem aquele que é especial. Minha irmã caçula, hoje, é minha melhor amiga. Juntas, tivemos muitos aprendizados.
Com meus filhos foram aprendizados especiais. Tornei-me verdadeiramente humana ao lado deles...Além de mãe fui e sou eterna aprendiz, pois, com eles, tem continuidade...Sempre!
Que alegria saber que minha lista é grande. Já no outono da vida, ainda posso aprender com as crianças. As netas que já são presentes e que muito me ensinam. De professora passo a aluna. É a conseqüência da vida.
Ainda tenho muitas lições a assimilar. Tem alguém especial dividindo comigo o presente para, juntos, construirmos o futuro.
Quanto mais amadurecemos, mais responsáveis ficamos e mais lições teremos de aprender. O aprendizado é constante e, como disse Einstein “a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Concluo que todos foram especiais, fazendo-me especial, pelo muito que aprendi e por tudo quanto ainda terei de aprender.
Essa é minha proposta e quero alcançar este alvo.

Muita paz!


terça-feira, 13 de outubro de 2009

"causos" de fogueira



Que barulho é este? Veio daquele lado. Perguntando e respondendo, ao mesmo tempo.
Todos olharam na mesma direção, olhos arregalados e enigmáticos. O medo pairado no ar.
Tem bambuzal logo ali, portanto, tem saci. Foi ele quem fez o barulho. Peralta demais e disposto a promover uma bagunça daquelas. Foi o saci.
Todos se juntaram ainda mais, protegendo-se mutuamente. A conversa ia solta, ao redor da imensa fogueira no enorme quintal da casa de nossa bisa, a Vovó Ana, no interior de São Paulo. Nas noites frias e com céu estrelado daquele Julho longínquo, depois do banho tomado e ainda sentindo o sabor delicioso do jantar preparado no fogão a lenha, sentávamos ao redor da fogueira para ouvirmos os “causos” engraçados e os relatos fantasmagóricos de todos os participantes. Cada um tinha uma história pra contar e, cada uma delas, era mais aterrorizante que a outra.
Por mais que teimávamos em cantar as canções da época e as mais antigas, a conversa sempre convergia para o sobrenatural.
O vento colaborava fazendo farfalhar as folhas e galhos das árvores, provocando arrepios variados, de frio e de medo. O trepidar das chamas da fogueira fazia imaginarmos um sem números de imagens, exageradas pela nossa imaginação.
À noite a história é sempre diferente.
Novo barulho e mais forte fez alguns de nós gritar junto com muitas gargalhadas dos mais velhos. Eles adoravam assustar a criançada e as primas, vindas da cidade grande, acostumadas com outros estereótipos de monstros e fantasmas.
Os meninos mais velhos faziam questão de cenografar a história e, previamente, até colocavam manchas de sangue feitas com os famosos molhos de tomate e o caldo da beterraba. Sempre depois de nós que já estávamos sentados ao redor da fogueira, se aproximavam aos gritos, mostrando o falso ferimento, dizendo terem sido atacados pelo lobisomem ou pelo Zé bicudo do velho casarão da estradinha.
Depois de serem socorridos e fartos de verem nossa cara assustada com lágrimas de dó e medo, eles caiam na risada sem o menor escrúpulo. É certo que também levavam uns bons petelecos da bisa, mas, nada era capaz de tiravar-lhes o prazer de ver a cara de todos.
Quando as chamas da fogueira já se recolhiam ao descanso, deixando brasas maravilhosas e convidativas para assar batatas, Vovó Ana nos alertava que já era hora de dormir. Fazia-nos tomar outro banho para tirar o cheiro da fumaça e mangava dos pequenos para não fazerem xixi na cama.
Sinto saudade daqueles velhos tempos de férias escolares quando podíamos passar o mês todo em casa de cada uma das tias que moravam no interior.
Velhos tempos, belos dias.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Porque para mim é importante participar do 1º Encontro Nacional de Blogueiros

Ouvia ruídos...Eram risadas e restos de conversa. Tentei aguçar a audição para perceber melhor. Segui em direção àquele som. Entrei por aquela porta que se abria diante de mim, como se fosse a única opção.
- Olá! Gritei, em alto e bom som. Tem alguém aí?
Não houve resposta. Apenas o som, ao longe, de risos animados.
Algo me convidava a seguir por aqueles corredores imensos, com alguns trechos iluminados e outros obscuros. Havia, também, muitas portas. E eu tinha vontade de abri-las todas. Porém, eu não poderia parar ali por muito tempo. Eu tinha que descobrir de onde vinha aquele som e quem eram aquelas pessoas que conversavam tão animadamente e estavam tão felizes.
Assim, prossegui naquele caminho, batendo levemente em todas as portas e dizendo olá. De cada uma delas eu recebia um oi, em resposta ao meu. Mas, eu não via seus rostos. Estes ainda eram enigmas para mim.
Num determinado momento, uma grande porta se abriu diante de mim e um clarão muito forte contraiu minha retina. Quando, num esforço gigante para identificar o que estava em minha frente, acordei com a fresta de sol que entrava por minha janela, vencendo as cortinas.
Havia acordado de um sonho que, a meu ver, era premonitório. Eu havia lido, na noite anterior, sobre o 1º Encontro Nacional de Blogueiros, em São Francisco do Sul – SC que irá acontecer em Dezembro próximo e compreendi que seria interessante participar para conhecer estes amigos, virtuais e queridos. Associei aquele corredor imenso do sonho com os corredores internáuticos do mundo blogueiro, repleto de portas que imaginei fossem os blogs incontáveis que temos a chance de visitar e que, nem sempre, visitamos.
Em quantos deles apenas passamos rapidamente o olhar e enviamos nosso “olá” e quantas vezes só recebemos, igualmente, o “oi” em resposta?
Inúmeros blogs são nossos favoritos, os quais visitamos semanalmente e são incontáveis, também, as histórias, contos, narrações, crônicas, poesias, poemas com os quais nos identificamos e interagimos, através dos comentários que são imprescindíveis neste contexto.
Penso que, por tudo isto e muito mais, será importante participar deste encontro, transformando este meu sonho em realidade e estreitando, ainda mais, os encantadores laços de amizade, iniciados nos blogs, vendo estes rostos e ouvindo suas vozes. Trocando abraços e conversando muito.
Esta é a chance. Quero abraçá-la.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

ET existe?

Era Novembro de 1984, fim de tarde, Rodovia Anchieta, indo de São Bernardo do Campo para São Paulo, viagem de 20 ou 30 minutos. De repente, o motor parou de funcionar. Parei no acostamento da rodovia. Insisti em nova partida de motor. Nada. Fiquei apreensiva, afinal, tinha aos meus cuidados duas senhoras idosas, uma pessoa com necessidades especiais e duas crianças. Minha avó, sua filha altista, a irmã de minha avó, igualmente idosa e meus dois filhos pequenos.
Várias tentativas para fazer o carro funcionar e todas frustradas.
Naquela ocasião não dispúnhamos de telefone celular que só surgiu no Brasil em 1990. O jeito foi caminhar até um dos telefones SOS, espalhados pela rodovia e torcer para que estivessem funcionando.
Deixei meus tutelados fechados no carro com inúmeras recomendações às crianças e às idosas e lá fui eu. Alcanço um telefone e comunico a pane. Sem experiência neste problema, fui respondendo às perguntas do atendente da DERSA, concessionária que administrava a Anchieta na época. Ele chegou à conclusão que poderia ser falta de combustível e que, para este problema, ele não poderia enviar o socorro, só podendo ligar para algum contato que eu deveria indicar. Por mais que eu dissesse que havia abastecido o veículo naquela tarde e que não seria falta de combustível, negaram-me ajuda. Passei o número de telefone para o qual ele avisaria e desliguei, já meio desesperada. Volto até o veículo e comunico para minha avó o ocorrido e saio em busca de combustível. Caminhei muito até encontrar um auto posto e comprei o combustível para ser colocado no automóvel, somente para acalmar a consciência. Obviamente o problema não era falta de gasolina e, mesmo com insistência na partida, o motor não funcionou. Tentei empurrar o carro para fazê-lo “pegar no tranco”, mas, sem sucesso. Enquanto eu tentava de tudo, os pseudos atletas que fazem corridas à margem da rodovia, passavam de largo, esquivando-se e ninguém pode nos ajudar efetivamente.
Já anoitecia e as crianças reclamavam de fome, as senhoras idosas queriam utilizar o banheiro e meu desespero crescia ao ver-me impotente diante daquela situação.
Fiz vários sinais, pedindo ajuda para os outros carros que passavam em alta velocidade e não paravam. Até ajoelhei e, mesmo assim, ninguém parou para ajudar.
Eu decidi voltar ao telefone SOS e relatar sobre o problema que persistia. Novas recomendações para todos ficarem fechados no carro, em segurança, pois logo eu voltaria. Todos estávamos expostos ao perigo ali.
Saio em direção ao telefone que estava funcionando, que ficava a dois km dali, aproximadamente, rezando e já chorando. Nos primeiros metros de caminhada, percebo que vem em minha direção um homem caminhando lentamente. Vestia um sobretudo preto e também usava chapéu, igualmente preto. Tinha as mãos nos bolsos. Passei por ele rezando para todos os santos que eu consegui me lembrar e segui. Porém, lembrei-me dos meus lá no carro e o homem seguia naquela direção. Voltei imediatamente, a passos largos, coração aos pulos e respiração ofegante. Temia por assalto e por inúmeras outras crueldades que alguém poderia cometer contra pessoas tão indefesas e vulneráveis feitos nós, ali naquele local. Vi que o homem passou ao lado do carro e seguiu, Consegui alcançar o carro e entrei fechando tudo. Olho pelo espelho retrovisor e vejo o homem voltando.
Nossa. Como senti medo naquela hora. Mas, nada mais poderíamos fazer. O homem se aproximou de minha janela e perguntou o que estava havendo. Desci meio vidro e contei. Ele me disse que eu não poderia ficar parada ali, pois que de madrugada passaria um comboio de caminhões, vindos do litoral sul em direção a São Paulo levando equipamentos poderosos para uma grande indústria. Ele estava monitorando as condições da rodovia e informava à companhia de hora em hora. Contei sobre todas as tentativas para o carro funcionar e, também, sobre ninguém parar para nos ajudar e que estava aguardando o marido vir em nossa ajuda. Foi quando ele disse que me ajudaria. Animada, desci do carro. Tentei chegar mais perto do homem e ele se afastava. Somente disse para eu continuar dentro do carro que ele buscaria ajuda. Vi que ele foi depressa para a pista marginal e, praticamente, se atirou sobre uma caminhonete da DERSA que parou rapidamente, atravessou o canteiro e veio até nós. Expliquei o que havia acontecido e o condutor deu uma carga de bateria, mas, nada adiantou. Examinou mais atentamente e verificou que havia quebrado a correia dentada. Pediu-me calma e paciência, pois ele solicitaria, via rádio, um guincho para nos rebocar. Aliviada voltei-me para agradecer ao homem de preto pela ajuda, mas, cadê? Ele havia desaparecido. Tratei de acalmar meu tutelados e aguardamos a chegada do guincho. Meu filhinho dormiu recostado no ombro da irmãzinha e nem viu quando o socorro veio nos rebocar. Fomos levados até o posto da DERSA mais próximo de SP onde havia pátio para guardar o carro. No interior da unidade também tinha sanitários para alívio das senhoras e, também, água fresca para todos nós. Eu tratei de ligar para o marido que já estava vindo ao nosso encontro com o outro carro para nos buscar. Enquanto eu esperava, fiquei conversando com o policial rodoviário que fazia plantão no local e contei sobre o ocorrido e comentei sobre a ajuda do monitor de rodovia e sobre o comboio. O policial me informou que não estava programado nenhum comboio vindo do litoral e que não tinha nenhum monitor ao longo da estrada. Descrevi o rapaz e o policial alegou jamais ter visto alguém nestas características circulando pela rodovia. Admirada, exclamei que foi ele quem buscou ajuda parando a caminhonete da DERSA, mas o policial retrucou dizendo que o funcionário da DERSA parou por ter visto meu carro no acostamento. Perguntou-me se eu tinha certeza daquilo, fazendo uma cara de dúvida sobre minha sanidade mental. Odiei isso.
Já passava das 22 horas quando meu marido chegou e nos levou para casa de minha avó, todos sãos e salvos. Só no dia seguinte tivemos condições de buscar o carro quebrado, junto com um mecânico de nossa confiança.
Por muito tempo fiquei pensando sobre o anjo de preto que nos ajudou e chego à conclusão que poderia ter sido um ET bondoso e disposto a ajudar.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Chapeuzinho Vermelho

Bracinhos cruzados e meio metro de bico. A carinha mais linda do mundo, cabelos eriçados, olhar no meu.
Esperou o tempo todo, mas, suas pernas não paravam de andar no mesmo lugar, com suas botas ortopédicas que lhe definiam a musculatura ainda mais.
Bastantes vezes gritava o nome da irmã e aplaudia muito. Repetia as falas, melhor que os pequenos atores, por tantas vezes assistir aos ensaios, na escola ou em nossa casa. Ao longo do tempo que ocorreram os ensaios, foi lobo mau, chapeuzinho vermelho, caçador e vovó, pois ajudava a irmã, passando as falas com ela, pacientemente. Parecia que ele iria se apresentar, tamanha a concentração e seriedade durante os ensaios.
Pequenino, com seus 3 anos de idade, lembrava a irmã sobre os deveres escolares e sobre o horário do ensaio. Ele adorava. Participou de cada detalhe de montagem da personagem. A irmã seria a vovozinha na peça “Chapeuzinho Vermelho”, no encerramento das aulas daquele ano de 1985, quando ela terminaria a 2ª série do ensino fundamental. Os dois se emprenharam e me ajudaram na escolha da roupa que fiz para a vovó, o chinelinho que adaptei, os óculos antigos emprestados de minha mãe, o xale, a maquiagem que improvisei, até nos cabelos que os tingi de branco, usando gel para cabelo e talco. A caracterização ficou excelente. A professora elogiou muito.
Ele não cabia em si de orgulho da irmã. Por isso, queria ir lá, atuar com ela, falar a peça toda, interpretar todos os personagens. Enquanto eu tirava as fotos, tive de segurá-lo bastante e explicar-lhe que, naquele momento, éramos expectadores e não mais atores, coreógrafos, cenógrafos e figurinistas. Naquela hora, éramos mãe e irmão, assistindo nossa pequena atriz em sua performance. Depois, sim. Poderíamos abraçá-la, beijá-la e entregar-lhe o presente que ele fez questão de escolher e comprar para darmos a ela. Ele, seu maior fã.
Por isso, até segunda ordem, os bracinhos cruzados, a boca em forma de bico e as perninhas irriquietas, doidas para correr em direção à irmã e festejar com ela.
Ao final, muitos aplausos e a corrida até a irmãzinha num abraço maravilhoso. Ainda fez questão de tirar foto com toda a equipe de pequenos atores e com a professora.
Jamais esquecerei cenas tão doces da infância de meus filhos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pegadinha

Já era final de tarde quando tocou a campainha. A recepcionista atendeu e mal teve tempo de perguntar no que poderia ajudar, quando foi empurrada por aquele homem indignado e que esbravejava pela sala.
Ele queria falar com nosso diretor, a qualquer custo, desfiando um rosário de impropérios, em alto e bom som, fazendo com que os outros funcionários saíssem de suas salas, buscando explicação para tamanho furdunço.
Dizia-se injustiçado pela cobrança indevida de juros, multas e outras taxas sobre débitos de condomínio tendo, inclusive, que suportar custas processuais em suposta ação judicial de cobrança no Fórum local.
Por mais que a recepcionista tentasse acalmá-lo, o homem urrava o nome de nosso diretor e advogado da causa condominial.
Fui convocada, pela maioria de meus colegas e por minha fama de conciliadora, a falar com o condômino enfurecido.
Explicava-lhe a razão da ação e que se tratava de seguimento da cobrança, por força de contrato como prestadores de serviço e assessoria jurídica aos Condomínios, nossos clientes. Salientei que tudo poderia ser resolvido com calma, bastando ele me acompanhar até minha sala, onde poderíamos falar a respeito e verificar a possibilidade de acordo de parcelamento ou, até, quitação dos débitos, de forma amigável e discernida. Mas, ele estava transtornado, a ponto de não compreender uma palavra sequer daquilo que eu falava. Empurrou-me a fim de entrar pelos corredores e alcançar a sala de nosso diretor. Eu pedia-lhe calma e avisei que poderíamos chamar reforço policial, caso ele insistisse naquela atitude. O homem não ouvia nada, nem ninguém. Foi entrando, rompendo barreiras humanas. A recepcionista chorava juntamente com a estagiária, impotentes diante de tão deprimente quadro.
Nosso jardineiro, que plantava novas mudas em nosso jardim, vendo a situação pela janela, veio em nosso socorro, com uma enorme tesoura de poda nas mãos, investia contra o pseudodevedor irado. Tivemos de segurar suas mãos para que ele não cometesse este ato de violência que só pioraria a situação.
A legião de funcionários seguia o homem que, aos brados, finalmente entrou na sala de nosso diretor. Óbvio que, nesta altura da contenda, o advogado se colocou em posição defensiva e partiu para briga. Vendo que iria tomar uns belos sopapos o homem estancou, pálido, feito cera. E nós, ao mesmo que ríamos, tentávamos falar que tudo não passara de uma “pegadinha”, estas brincadeiras feitas por atores contratados.
Nesta época, minha irmã era casada com o advogado e diretor da empresa em que trabalho e, brincalhona de plantão, resolveu aprontar com o marido, pregando-lhe esta brincadeira, em comemoração ao seu aniversário. Eu já sabia de tudo e participei da encenação. Mas, confesso, foi um sufoco. Controlar a ira de nosso diretor quando se viu acuado e ameaçado por aquele homem furioso.Depois de muitas risadas, tapinhas nas costas e pedidos de desculpas, cantamos a tradicional canção do “Parabéns a você” e degustamos um delicioso pedaço de bolo.

domingo, 16 de agosto de 2009

As pérolas

O gosto do “seu” Odílio e de dona Cândida num encontro com familiares ou amigos era apresentar, cheios de orgulho, as pérolas da família.
Hoje, quando alguém se refere a perolas querem dizer sobre algum absurdo da linguagem ou sobre imagens esdrúxulas que os meios de comunicação mostram. Mas, antigamente, não. Quando alguém se referisse ou quisesse mostrar suas pérolas era, exatamente, mostrar seus valores.
Assim, Seu Odílio e Dona Cândida orgulhavam-se de sempre mostrar sua riqueza familiar... Suas netas, Sara e Sofia. Em primeiro lugar porque elas eram gêmeas o que, naquela época, nos idos de 1950, era novidade surgida na família e, em segundo lugar, pelos talentos que as meninas tinham. Seus pendores artísticos encantavam a todos.
Sofia tocava violino e Sara dançava. Ambas tinham um amor imenso pela música, mas, somente Sofia encantou-se pelo instrumento, depois de um sarau em casa de parentes, nas festas natalinas.
Seu Odílio tocava clarinete muito bem e, junto com seu irmão que tocava violino, eram sempre convidados a animar as festas pelas redondezas, acompanhados de mais dois colegas, no violão e na sanfona.
Foi amor à primeira vista, de Sofia pelo violino, o instrumento que achou bem engraçado, no início, pois parecia com o corpo de suas bonecas e ainda tinha de ser roçado por aquela vara comprida para emitir som. Mas, depois, passou a ser seu sonho de consumo e desejo maior em aprender a tocá-lo. Incentivada por seu avô Odílio, passou a tomar aulas com o tio violinista e, rápido, aprendeu a dominar o instrumento, surpreendendo a todos.
No Natal de 1950, além da música que animava a festa, apresentou-se, também, a Cidinha, uma parenta distante que havia retornado de viagem da França, onde tinha ido estudar, levada por um de seus tios, marinheiro de um transatlântico, ao ficar órfã. Ele a deixou em Paris, aos cuidados de uma de suas inúmeras amantes e esta cuidou da menina com tanto zelo e amor como se fosse sua mãe e a encaminhou para aulas de balet. Passados muitos anos, ao visitarem os familiares brasileiros, foram convidados a participarem das festividades e a menina Cidinha pode mostrar o que havia aprendido na Europa.
Sara se encantou. Não tirava os olhos da bailarina um minuto sequer. Nunca tinha visto algo tão belo. Passou a sonhar com a cena vista. Imaginava-se dançando como Cidinha. Obstinou-se em aprender, mesmo que sozinha, os passos complicados da dança. Para seu orgulhoso avô foi um desafio. Ensinar a tocar clarinete seria fácil para ele. Violino, violão ou sanfona, também seria fácil ensinar, com a ajuda de seu irmão e demais companheiros do grupo. Mas, o balet, como poderia oferecer isto à neta, visto que, naquela época, era muito mais difícil encaminhar as meninas para as escolas especializadas que cobravam altos preços por suas aulas. Só mesmo as famílias com grandes posses poderiam dar esta cultura para suas filhas ou netas.
Limitado em seus recursos, Seu Odílio passou a levar a neta aos espetáculos onde se apresentavam as bailarinas e a menina, atenta a tudo, logo aprendeu vários passos e, até, desenvolveu coreografias próprias. Apresentava, cheia de orgulho, o aprendizado ao avô querido que, junto com Dona Cândida, se encantavam a cada demonstração.
Assim, nos encontros familiares e festividades locais, satisfeitos e orgulhosos, mostravam suas pérolas para todos.
As meninas eram sempre muito aplaudidas e requisitadas para animar as tardes de domingo, em casa de familiares e amigos, nos deliciosos encontros para o chá.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Férias prolongadas



Gargalhadas gerais pela casa. Sobe e desce escadas. Correria, mil brincadeiras e sem horário para nada.
Entendo que brincar é preciso, bagunçar é preciso, mas, haja pique para tudo isto. Ao menos para mim, pobre avó que, além de trabalhar o dia todo na empresa, tem de suportar a dupla jornada em casa e a tripla jornada das férias escolares desta turminha da pesada que é o meu “Clube da Luluzinha”.
Férias escolares, prolongadas pelo surto de gripe suína...Oh, Deus! Sempre que começam as férias escolares, termina o sossego de pais e avós. Mas, digo isso no bom sentido, pois é sempre bom ter a criançada por perto, nos contagiando com sua alegria incessante.
Com a chuva intermitente em pleno mês de Julho que não nos dava trégua, o jeito foi improvisar. Zilhões de jogos pela Internet que elas mesmas estipularam critérios, cronometrados, para uso do computador, centenas de DVDs com filmes e desenhos super divertidos, festas de aniversários e batizados das bonecas, caça ao tesouro, bailes à fantasia, festa do pijama, do chapéu, jantares exóticos recheados de hambúrgueres, salsichas e batatas fritas, regados a muito refrigerante e sucos, toneladas de pipocas, bolos e bolinhos de chuva, quilolitros de chocolate quente, além dos insubstituíveis “miojos” e afins. Ninguém poderá imaginar. Ou, poderão...Sei lá!
Depois de um dia intenso de trabalho, após passar por um trânsito insuportável, com o céu desabando sobre a cidade, tudo o que se quer é chegar em casa, tomar um banho e se esborrachar no sofá sem querer saber se o mundo vai acabar ou não. Doce ilusão. Eu tinha de colocar meu pijama, ou inventar um chapéu diferente para a tal festa, ou mesmo improvisar uma fantasia. Outras noites eu tinha de me vestir de convidada para a festa de aniversário das bonecas, não sem antes quase surtar diante dos utensílios da cozinha, besuntados de gelatina ou de brigadeiro e recolher algumas poucas centenas de peças de roupas e sapatos que ficavam “discretamente” abandonados pelos cantos da casa.
Em algumas noites tirei folga e deleguei ao tio a responsabilidade de levá-las ao cinema, afinal, ninguém é de ferro.
O socorro foi maior quando a tia avó as levou para ficar uns dias em sua casa. Eu nem quis saber sobre o cardápio e a agenda de atividades.
Não sei se teria sido melhor tê-las inscrito em algum acampamento ou resorts infantis, pois o saldo financeiro geral, ao final, foi desalentador:
Bem, é óbvio que exagerei sobre os fatos expostos e que foi uma tristeza enorme o momento da despedida, pois sei que só no final do ano as terei comigo, assim tão pertinho, nas próximas férias escolares.
Avós sofrem, viu!
Muita paz! Beijossssssss

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Liquidação

Eu não sigo a moda. A moda se quiser que me siga. Mas, como boa representante do sexo que enlouquece em tempo de liquidação, confesso que já fiz algumas loucuras. Nem sofro por dizer que já torci para que a vizinha de provador desistisse do vestido lindérrimo que acabei comprando por uma bagatela. Ficou meio apertado, mas, se eu perdesse alguns quilinhos, arriscaria em usá-lo, mesmo com o problema da cor que, até hoje, nunca soube dizer qual era, entre o azul desbotado, meio esverdeado, amarelado... Sei lá. Ficou por meses pendurado no armário com etiqueta e tudo. Felizmente, acabei doando para nosso bazar beneficente que tirou o peso de minha consciência.
Já que comecei, continuo. Confesso. Já tive um terrível caso de amor com um sobretudo de lã (nem me perguntem a cor) e nem me importei por ele ser dois números maiores que o meu e ser insuportavelmente pesado, a ponto de causar cansaço nos ombros. Mesmo parecendo um militar de patente, desfilava orgulhosa com meu casaco caríssimo, comprado por pechincha em liquidação.
Certa vez, cismei com um par de sapatos de cetim e laço em cima, cor de rosa. Usei no mesmo dia, em uma festa e eu me sentia o máximo com eles, mesmo amargando a dor nos pés, pois eles eram duros demais. Não sei se pela cola do tecido ou pelo tamanho do salto. Guardei-os na caixa para sempre e levei 4 semanas para sarar das bolhas adquiridas.
Outro dia minha amiga me convidou para irmos a uma “sale” (nome sofisticado para uma queima de estoque) numa famosa loja de grife. Imaginei que seria interessante, pois, jamais pensei que a mulherada mais chique também atacasse em liquidações. Imaginem centenas de mulheres, disputando a tapas, bolsas, calças jeans e outras peças, arrancadas das araras, como se fossem os meios de subsistência mais importantes de suas vidas?! Saí correndo de lá. Mesmo porque, meu cacife e meu gosto não combinavam com as peças disponíveis.
Liquidação é algo muito sério. Qualquer mulher sabe que, no meio da loucura de uma “sale”, precisa-se agir rápido, antes que adversárias descubram aquele casaco de pele chiquérrimo que nos será muito útil caso sejamos convidadas para uma festa de gala no ducado da Normandia.
Comum sermos contaminadas pelo vírus da promoção e comprar roupas e acessórios que não tem nada a ver com nosso estilo. Portanto, é perfeitamente compreensível que a mais recatada senhora, diante de um vestido vermelho, justo e decotado, sinta que talvez seja a hora de arriscar uma mudança radical e se transformar numa perua sexy.
Putz...50% off (apelido para a velha liquidação), as vezes acabamos exagerando. Minha irmã, a Claudinha, já chegou a comprar seis pares de sapatos idênticos, mas de cores variadas, porque estavam bem baratinhos! Liquidação a tira do sério.
Aliás, liquidações podem nos tirar do sério, dos limites do bom senso e do cheque especial. Basta passar pelo caixa, sair da loja com as mãos cheias de sacolas, para acabar a excitação e sairmos do transe. Bate o remorso e nossa mente passa a imaginar quais os planos que adotaremos para esconder do marido aquele monte de quinquilharias e de que forma usaremos o que foi comprado, uma peça por vez sem que ele desconfie, como se a conta do cartão de crédito não denunciasse.
Bem, a verdade é que não tenho paciência para esperar um provador vazio e acabo desistindo da compra ou levando algo sem experimentar.
Melhor mesmo é sair às compras antes das lojas anunciarem liquidações e comprar somente o que estivermos precisando. Nada como ter no armário um “pretinho básico”, uma boa camisa branca, uma calça de corte tradicional e impecável e um par de sapatos ou sandálias de tirar o fôlego. Mesmo que na semana seguinte esteja tudo pela metade do preço. Ainda assim é o melhor a fazer, em nome da economia e do bom senso.

terça-feira, 28 de julho de 2009

minha primeira cachaça

Deus me livre de ficar pensando em gripe suína, resfriados e outras preocupações inerentes à baixas temperaturas.
A lembrança tem razões que a própria razão desconhece. Com o friozinho que tem feito, me pego em flagrantes recordações. Aliás, agradáveis recordações, eu diria.
Quando tenho oportunidade de ficar em casa, naquela deliciosa folga, trato logo de buscar a paz, através de atividades que este clima convida. Enfio meus pezinhos em minhas pantufas macias e quentinhas (da Minie, que minha irmã me trouxe da Disney), me acomodo numa poltrona bem confortável, na companhia de meu bom e velho amigo (o livro). Outras vezes, sob o edredon, assistindo filmes, com um “balde” de pipocas ao lado, é claro. Em outras, sofistico mais e apelo para os fondues maravilhosos, degustados com aquele vinho especial. Aí, não tem jeito. Logo me vem à lembrança algumas viagens aventureiras, pelos cafundós do Brasil.
Já era meio da tarde e o frio estava de congelar os ossos quando chegamos em Crisólia, subdistrito de Ouro Fino, em MG, onde iríamos passar alguns dias de férias, numa chácara ao pé da Serra da Mantiqueira. Passamos pelo mercadinho para levarmos algumas provisões e perguntamos se havia algum restaurante na cidade, onde pudéssemos comer alguma coisa. O comerciante nos indicou o local e lá fomos nós. Chegamos e já ficamos desconfiados, quase a ponto de darmos meia volta e nunca mais voltarmos lá. O local era de péssima aparência, à beira do riozinho. Tinha uma casa velha, de madeira, parecendo abandonada de tão feia, com um puxado de telhas à frente onde abrigava uma mesa longa, feita de tronco, rodeada de bancos rústicos, feitos igualmente de troncos de árvores. Num barquinho velho, ancorado à margem do rio, avistamos aquele homem, de aparência envelhecida, que teimava em consertar velha rede de pesca. Ao ouvir o ronco do motor de nosso carro, olhou-nos com largo sorriso falhado. Gritou o nome da mulher que nos recebeu com um ritmado boa tarde, à moda mineira. Por mim, eu teria voltado dali mesmo, mas, meu amado pai, conhecedor destes cantinhos curiosos, conseguiu nos convencer a ficar. Perguntamos pela comida e logo a senhora se pôs a arranjar a mesa, trazendo pratos e talheres que colocou sobre uma toalha hiper limpinha. O frio era intenso e meu pai foi logo perguntando se tinha uma boa cachaça para descongelar os ossos e aquecer a alma. Para nós, mulheres, o que nos salvaria seria uma boa terrina de sopa bem quente. O casal nos sorriu e pediu-nos para nos acomodar à mesa.
De um tonelzinho velho, colocou num copo simples um líquido dourado, perfumado e doce e entregou ao meu pai. Sentíamos o perfume de longe. Meu pai provou e arregalou os olhos com alegria. Curiosos, pedimos para provar também. Depois de tanto insistirmos e pelo frio intenso que fazia, meu pai passou o copo, primeiro para meu irmão, depois para nós, minha irmã mais velha, eu e nossos respectivos namorados. Para mim, que nunca havia provado cachaça, ardeu a garganta, mas, aqueceu o corpo. Logo veio a comida surpreendente. Um caldeirão enorme, daqueles de ferro, com sopa de legumes e frango, juntamente com o prato principal que era uma enorme travessa de iscas de peixe com molho de tomate apimentado, uma combinação que me pareceu transcendental.
Depois de comermos tão fartamente, fomos para a chácara, felizes e impressionados. Voltamos àquele lugar mais algumas vezes, antes de voltarmos para casa.
Hoje, com este frio e olhando minha caneca de sopa (coisas de fast food moderno), senti muita saudade daquele quitute delicioso e daquela minha primeira aventura com nossa Cinderela tropical, a cachaça.

domingo, 19 de julho de 2009

SOS natureza

Dia destes, chovia a cântaros e eu passava de carro pela avenida Luiz Inácio de Anhaia Melo, famosa rua em Sampa. Não bastasse o trânsito insuportável, o alagamento de certos trechos me fazia buscar outras opções de caminho para que eu pudesse alcançar a rodovia Anchieta e ir para casa.
Enquanto parada por conta do congestionamento, pensava no descaso da população com relação ao excesso de lixo que flutuava pelas poças d’água e complicava, ainda mais, a vida dos transeuntes que lutavam por escapar de tais armadilhas.
Como seria bom se todos adotassem certas medidas comportamentais para começar a mudar o aspecto do planeta e nem precisamos de excentricidades para isto. Bastam atitudes simples como fechar a torneira ao escovar os dentes, banhos mais rápidos, retirar os resíduos de alimentos antes de lavar os pratos, usar os produtos até o final de sua vida útil e comprar novos somente quando necessário, apagar a luz ao sair de um ambiente, usar integralmente os alimentos, evitando o desperdício, desligar aparelhos eletrônicos quando não estão sendo usados, varrer o lixo com a vassoura e não com a mangueira d’água, usar água de chuva para lavar automóveis e os quintais, separar o lixo para a coleta seletiva, utilizar produtos de limpeza biodegradáveis, reciclar e por aí vai.
Isto me fez pensar, também, no exagero de certas ações que, nem sempre, trazem os efeitos salutares necessários como, por exemplo, ficar abraçado à velha árvore para que ela não seja derrubada ou atear fogo ao próprio corpo como forma de protesto, considero exageros. Tem plantas que podem se retiradas de certos locais e replantadas em outros. Isto é normal. Botar fogo no próprio corpo é suicídio e não protesto. Isto choca e não resolve nada. O buraco é mais embaixo e há que sermos mais realistas.
Cuidar da ecologia não é mais assunto para as próximas gerações, pois já estamos pagando o preço por conta da degradação. Buraco da camada de ozônio, aquecimento global, derretimento das calotas polares, tufões, furacões, tsunamis, epidemias, são respostas da própria natureza quanto às agressões que ela vem sofrendo. Nosso planeta está doente, em estado grave na UTI. E não basta só bradar conceitos e abraçar causas esdrúxulas, se transformando num ecochato de primeira.
Água potável será o motivo de guerras futuras. Caiamos na real.
Sou uma pessoa normal que usa combustível no carro, sapatos de couro e roupas de materiais sintéticos ou não e que não abre mão do conforto da eletricidade, mas, entendo que o importante é ter iniciativa e atitudes efetivas, nos conscientizando da necessidade de adotarmos hábitos simples como consertar uma torneira pingando, contribuindo para que não se esgote nosso recurso natural e não soframos o efeito bumerangue, ou seja, mandamos sujeira para a natureza e ela nos devolve tragédias.
Há quem diga que bicho também é gente. Pois digo que gente também é bicho e merece todo o respeito, com tudo de bom que a natureza pode nos oferecer. Basta cuidarmos dela, pois ela está precisando de fôlego para se recuperar.
Muita paz!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ainda...




Olá, amigos!
Ainda estou super atarefada, ajeitando tudo por aqui.
Mais um pouquinho e fica tudo certo. Logo eu volto.
Não esqueçam de mim, ok?!
Saudade!
Muita paz! Beijosssssssssssssss

terça-feira, 16 de junho de 2009

Tributo à guerreira

Vendo os últimos acontecimentos, na blogsfera, sobre Loba, recordei-me de antiga lenda, que lhes entrego com todo o meu carinho.

“Certo dia, um grande chefe de um bravo povo guerreiro, ao sentir seu momento de morte se aproximar, chamou seus quatro filhos e disse:
- Há milênios nossa nação tem sobrevivido e enfrentado inúmeros desafios. Porém, os tempos estão cada vez mais difíceis e temo por nosso povo e por nossa terra. Um de vocês, meus filhos, terá de conseguir meios para enfrentar estes novos tempos que se aproximam, assumir meu lugar e caminhar com todo o povo. Os conhecimentos que passei a vocês são necessários, mas, agora, precisarão ser somados a outros para ampliar os horizontes de nosso povo. Caminhem, tragam nova força para perpetuar nossa espécie, com mais saber. Peço que cada um de vocês vá à floresta e aos vales e retorne em três dias trazendo algo de poder para que eu possa escolher aquele que, neste momento, melhor conduzirá nosso povo.
Os filhos ouviram atentamente e saíram para a missão. Passado algum tempo, o filho mais velho retorna, trazendo em suas mãos uma pedra de rara beleza e disse:
- Meu pai, esta foi a mais bela e reluzente pedra que encontrei. Ela representa o reino sólido que eu poderei construir para nosso povo.
O pai acolheu o presente, guardou-o e esperou o outro filho. Quando o segundo filho se aproximou, trazia nas mãos flores de um perfume e suavidade indescritíveis. Ofereceu-as ao pai dizendo que as flores representavam toda a emoção e beleza que seu reino teria. O pai, grato, recebeu as flores e preparou-se para a chegada do próximo filho. O terceiro filho voltou carregando nos braços uma forte caça e disse, entusiasmado, a seu pai:
- Este será o mais saboroso de todos os banquetes realizados nesta nação. Vamos brindar em sua homenagem meu pai, unidos por ti. Assim, viveremos sempre a festejar. O pai, satisfeito, agradeceu e continuou a esperar até que o último filho chegasse.
Passarão-se então os três dias e, por último, chegou o filho mais jovem. Veio de mãos vazias, mas, trouxe em seu olhar um brilho que a tudo iluminava! Postou-se diante do pai e, reverenciando-o, falou:
- Querido pai, entrei na floresta, caminhei por vales, montes e desertos áridos; cheguei a uma grande montanha, então meu pai, lá do alto da montanha, pude avistar um imenso vale com terras férteis, muito verde, flores maravilhosas, rios, nascentes cristalinas, animais que caminham, pássaros que cantam e voam livremente. Senti, meu pai, que toda a nossa nação ali poderia viver, nutrir-se por muitos e muitos anos. Mais ainda, fazer a terra prosperar se, juntos, soubermos amá-la, trabalhá-la e respeitá-la.
Seu pai, comovido e com lágrimas de amor, assim falou:
- Meu jovem filho, você me trouxe a esperança que poderá fazer meu ser continuar a existir, mesmo depois de minha morte. Você me trouxe, com o brilho de seu olhar, a visão do futuro, que nos fará continuar, verdadeiramente. Somos todos aprendizes do amor, a única força capaz de nutrir nosso corpo e nossa alma. A terra e o tempo que nela vivemos são grandes escolas de bênçãos e a vida a lição capaz de ensinar-nos a amar ao próximo como a nós mesmos. Que vocês, meus filhos, se unam e unam nossa nação para caminharem todos juntos.”

Esta lenda é antiga, mas, poderá ilustrar o que todos deveremos fazer, daqui para frente. Nós, que escrevemos e que, acima de tudo, lemos os incríveis posts de nossos colegas autores, tanto os autores novatos (como eu) como os mais antigos e experientes, como Miguel, Zeca, Dácio, Jens, Crys, Dora e tantos outros, deveremos escrever o que sabemos, com a riqueza e força peculiares de cada um de nós e nos unir em respeito, criatividade, decência, idoneidade, compromisso, responsabilidade, para que Loba, através de Euza, prossiga sua trajetória literária recolhendo os louros que merece e que veja a posteridade de seu trabalho pelos exemplos deixados e seguidos.

Muita paz a todos! Beijosssssssssss

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pausa para mudanças

Olá, amigos!
Está a maior correria por aqui, por conta de inúmeras mudanças!
Múltiplas providências a tomar estão tomando a maior parte de meus dias.
Ficarei ausente por um tempo, ok?! Mas, assim que eu puder, estarei de volta.
Visitarei os blogs amigos sempre que eu puder.
Espero contar com a amizade de todos e que vocês possam estar por aqui, quando eu voltar.
Não me abandonem, tá?!
Deixo aqui o meu mais forte abraço em todos e votos de muitas felicidades.
Até breve!
Muita paz! Beijosssssssssss

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Decisões

A vida passa tão rápida.
De repente, somos adultos. De repente, somos mães e pais. De repente estamos velhos.
Ao longo dela, da vida, temos de tomar muitas decisões. A maioria delas, muito importante. Destas decisões depende nossa felicidade.
A vida nos traz muitos encantamentos, muitas alegrias. O aprendizado é constante.
Tantas vezes choramos ou nos desesperamos quando a dor nos bate a porta. Mas, acredito que toda e qualquer experiência, feliz ou não, traz um aprendizado importante e que vai enriquecer nossa vida.
Fazendo uma retrospectiva poderemos observar todos os momentos da vida e cada um deles trouxe algo de novo, um aprendizado diferente, porém, especial. Cada lágrima e cada sorriso acrescentaram sabedoria, experiência e novo olhar sobre o viver.
Dizendo isto não quero enfatizar a dor. Mesmo porque, bem sofrer não significa cultivar sofrimento e não precisamos ser conformistas, nem agravar as dores pelas quais passamos.
Na verdade, penso que devemos ter coragem e serenidade para enfrentar as situações. Acrescento, ainda, que cultivar esperança é um hábito bastante salutar.
Talvez eu esteja rodeando para dizer a mim mesmo que é chegada a hora da verdade. A hora de uma grande decisão.
Tem certas situações em que temos de fazer as escolhas. Não é só quando parimos que se corta o tal cordão umbilical. Tem vários momentos em que se faz necessária a separação. E não só de pessoas, mas, também, de coisas, de lugares.
Chega-se no alto da maturidade e verificamos que ainda há que se ter um início. Ou, um reinício, eu diria.
Sim. Uma nova etapa da vida se inicia, para mim. Um ciclo se fecha para que outro se inicie. Devo superar o medo e a incerteza e encontrar a serenidade e discernimento, na hora da decisão. Afinal, lutar pela felicidade e ir ao encontro dela através de atitudes acertadas é nosso dever.
Tudo dará certo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Por extensão

São Paulo é encantadora. Curvo-me diante de seu esplendor.
Não é por ser minha cidade natal, meu berço esplêndido, não. São Paulo é a cidade que pode ter e tem o mundo dentro de si.
Sempre que me refiro a ela, Sampa, quero reverenciá-la e homenageá-la.
Não há como não me emocionar ao caminhar por suas ruas e avenidas, ver seus parques e monumentos, seus arranha-céus feito totens majestosos numa selva de pedras cujos habitantes, muitas vezes, viram selvagens pela própria necessidade de sobreviver. E, digo selvagens no sentido de ser mais rústicos e fortes, pois que a luta diária não é fácil.
Mas, não quero lembrar a dureza da vida, muito menos da dureza da vida das grandes metrópoles.
Neste momento, só quero lembrar a noite de ontem (06/05/2009) quando pude visitar uma exposição linda, que me permitiu ficar mais próxima de um amigo querido.
Através do trabalho de Aécio Sarti, na exposição “Roupas de ver Deus”, exposto até 22/05/09 no Centro Cultural do Banco Central em São Paulo, pudemos ficar um tanto mais perto de nosso querido José Carlos Barreiro. Sim. O nosso Zeca, das Janelas. Foi ele quem organizou toda a exposição em São Paulo, mas, não pôde estar presente na inauguração.
Além de vermos as obras lindíssimas, pudemos, também, abraçar Aécio Sarti, conversar com ele e tirar algumas fotos.
Fiquei mentalizando o nosso Zeca e, ao abraçar Aécio, senti a vibração querida de nosso amigo, que teve que ficar em Paraty.
Estávamos Miguel e eu, naquela noite, saboreando o delicioso coquetel e apreciando as telas originais de Aécio. Um trabalho diferente e interessante que vale ser conferido.
Parabéns a Aécio por seu trabalho e parabéns ao Zeca pelo brilho e organização da exposição.
São Paulo está mais bonita, agora
.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Reflexão

Tenho lido textos interessantes em blogs amigos. Alguns destes textos tem me levado a reflexões e a discernir sobre muita coisa.
De tudo que tenho lido, foquei minha atenção em três pontos importantes, no meu modo de ver. A questão da tolerância, a arte e os modismos.
Em tempo de globalização, a cultura de todos os povos tem relevante importância neste processo. Enquanto a educação formal treina a capacidade de assimilação e análise, levando à interação social, a cultura de cada povo desenvolve sua alma, colaborando para o desenvolvimento de sua sensibilidade.
Como seres humanos, somos essencialmente emocionais, muito mais que racionais, numa proporção que produz a fantástica reação de alegria e vontade de viver.
Entendo que temos de libertar a cultura dos povos para abrirmos as portas da sensibilidade, atingindo todas as pessoas, facilitando e promovendo a arte, o talento, a criatividade, a interpretação, na vida de todos nós. Vejo a cultura como a linguagem universal, livre de qualquer código vocal, de qualquer nível de preparação e que rompe barreiras e limites de qualquer ordem, levando o ser humano de todos os credos, cor, raça, classe social a se emocionar com a criatividade através da cultura e da arte.
Talvez ainda não tenhamos descoberto, efetivamente, a importância da cultura neste processo de engrandecimento de todos e, trabalhar os limites naturais dos recursos de que dispomos é um passo importante, tendo em vista que é óbvio o fato de sermos diferentes uns dos outros, no que se refere ao potencial de entendimento que utilizamos na assimilação de qualquer coisa.
Com relação à cultura de outros povos, por exemplo, a trazemos para nos vestir nos ditames da moda, para decorar nossas casas, para cantar algumas canções, para usar determinadas expressões, mas, ainda não trazemos todos os povos aos nossos corações e não os vemos como irmãos.
Para sermos tolerantes, efetivamente, muitos outros passos importantes teremos de dar, como a educação, a compreensão, o raciocínio, a gentilidade
, entre outras, procurando dar o melhor de nós para que a sociedade seja melhor como um todo.





Recebi um selinho da Jeanne, do blog: http://conscienciaevida.blogspot.com/


Jeanne, agradeço pelo carinho e pela lembrança.

Regras:
1 - Exibir a imagem;
2 - Postar o link do blog que o premiou;
3 - Publicar regras;
4 - Indicar 10 blogs para receber o selo;
5 - Avisar aos indicados.
Repasso o selo para:

Miguel, do Prosa e Verso
Dora, do Pretensos Colóquios
Ana Lúcia, do Essência sem Fronteira
Beti Timm, do Rosa Choque
Aline, do cherryblog3
Eurico, do Eu lírico
Eráclito, do Recanto Poético
Kátia, do Sonho em foco
Crys, do jardim de letras
Karine, do Ponto-K

terça-feira, 14 de abril de 2009

Saudade de tudo

Tem dias que acordamos com saudade de tudo. Determinadas imagens, determinados cheiros, nos levam a lembranças do passado. Bate aquela saudade danada.
Abri minha janela do quarto, pela manhã, e vi alguns meninos empinando suas pipas, numa conversa centrada sobre técnicas de manuseio das pipas, sobre tipos de linhas, cerol, etc. Senti tanta saudade de minha infância quando eu ajudava ao meu irmão a confeccionar as pipas para, depois, sairmos correndo pela rua a empiná-las.
Queria ser criança de novo e acordar de manhãzinha com aquele cheirinho gostoso de café, coado no coador de pano, com minha mãe nos chamando para irmos à escola. Mas, não sem tomarmos nossa xícara, enorme e esfumegante, de leite com café e um naco de pão de filão, tão quente que derretia a manteiga, daquelas de lata. Lá íamos nós, meus irmãos e eu, para a escola, levando nossas lancheiras com sanduíches de mortadela ou pão doce recheado de creme e nossas garrafinhas com suco de groselha ou mesmo laranjada.
Quando voltávamos da escola, muitas vezes íamos seguindo o homem do biju, ouvindo o trec trec e já combinando entre nós o modo como iríamos pedir o dinheiro para a mamãe para podermos comprar.
Lembrei-me da vendinha na esquina, onde tinha tanto doce que ficávamos na dúvida sobre qual comprar, se o de abóbora em forma de coração, o de batata roxa ou o suspiro cor de rosa.
Tantas guloseimas...Fez-me lembrar, também, do homem que vendia língua de sogra, um doce com massa assada, em forma de canudo e recheada com creme. Também a barraca de queijadinha, quebra-queixo, maria mole, machadinha, cocada...hummmm! Que saudade!
Saudade da hora do almoço, quando mamãe e nós, sentávamos à mesa para saborearmos as comidinhas simples, cheirosas e super saborosas que eram o feijão com arroz, bife e batatas fritas na hora. Quando tinha bolinho de espinafre ríamos da cara feia que meu irmão fazia e a maneira como conseguia convencer mamãe e trocar por um ovo frito.
Nas noites frias, uma sopa bem quente, de mandioquinha, de legumes com macarrão aletria, sopa de feijão ou canja de galinha quando estávamos doentes.
Saudade dos finais de semana, quando minha mãe preparava, em casa mesmo, deliciosas pizzas e do almoço de domingo com aquela bela macarronada, frango na caçarola e salada de maionese. Como sobremesa não podia faltar manjar branco com calda de ameixa, arroz doce, pudim de pão, doce de abóbora ou mesmo goiaba cascão com queijo minas macio.
Quando passava a carrocinha da Kibon era aquele alvoroço da criançada, pedindo chicabon ou esquibon, lembram? Mas, se estivesse com dor de garganta só podia comer chocolate kicoisa ou kibamba, tanto faz.
Ah! Que saudade das frutas frescas, muitas delas, colhidas no pé, quando íamos em férias para casa de nossa bisavó, no interior de SP ou em casa de nossas tias, no sul de MG. Mangas cheirosas, mexericas, pitangas gorduchas, jabuticabas que estouravam na boca, abacates arremessados da arvore por meu irmão, metido a valente e que sempre subia nas árvores para apanhar as frutas e soltá-las para que pudéssemos pegar em nossas saias rodadas, que serviam de aparadores. Entre suor e gargalhadas voltávamos correndo para a casa da Bisa e despejávamos tudo sobre o chão de cimento batido e encerado de vermelho. Em verdadeiro ritual, começávamos o processamento dos sucos e vitaminas, deixando nossa Bisa e nossa mãe com os cabelos em pé, por tantos pedidos ao mesmo tempo.
À tarde, enquanto brincávamos explorando o lindo quintal, repleto de árvores e esconderijos, sentíamos o perfume delicioso dos bolos de fubá ou de milho, de mandioca ou de chocolate, que logo seriam degustados com goles sôfregos de leite com café, ou, com groselha nos dias mais quentes, suco de laranja sem coar para não tirar o prazer de mastigar os pedacinhos de bagaço.
Nas tardes mais geladas, enfiados sob cobertores ou colchas de retalho, mamãe nos trazia mingau de aveia, de cremogema ou de maisena.
E as festas juninas? Quanta saudade. Além de toda comilança das paçocas, pés de moleque, pamonha, curau, tinham as danças inesquecíveis das quadrilhas mal ensaiadas entre os familiares e amigos, as barraquinhas da pesca, da argola, do tiro ao alvo, do pau de sebo.
As festas de aniversário com muitos brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos, balas de coco embrulhadas em papel crepom rosa ou azul, o bolo recheado com doce de leite e confeitado por mamãe que não vencia de vigiar para que não ficasse a marca de nossos dedos abelhudos sobre o glacê e bolinhas coloridas.
Tanta saudade de meu amado pai, ralhando com minha mãe e a dizer para que deixasse a criançada fazer o que quisesse, pois que a festa era nossa.
Ah! Papai do céu! Hoje é você que o ouve cantar bem alto a canção do parabéns a você, junto com todos os nossos avós, tios, sobrinhos, parentes, amigos, que já estão aí no céu, com meu querido pai.
Saudade de tudo
.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Minha menina

Eu ainda era uma menina, mas, ansiava pela minha emancipação. Eu queria ter uma casa só minha, uma vida só minha.
Quando jovens somos acometidos por muitas ilusões.
Casei-me jovem, em Fevereiro de 1977. E queria ser mãe. Ah! Como eu queria! Nasci para ser mãe. Eu queria ficar grávida logo e, logo, fiquei.
Que alegria! Um ser vivo, se formando dentro de mim. Em breve, um coraçãozinho pulsaria, em compasso diferente, mas junto com o meu.
Por nove meses aquele ser seria todo meu...Era todo meu.
A cada dia que se passava, aumentava minha vontade de ver aquele rostinho, pegar naquelas mãozinhas, beijar aquela face.
A cada semana minha barriga crescia um pouquinho mais. Eu amava minha barriga. Conversava com ela, a acariciava. Olhava-me no espelho e ficava toda orgulhosa.
Finalmente, o grande dia chegou. Era uma tarde do dia 04 de Abril de 1978. Às 16 horas, na sala de parto do Hospital João XXIII, no Parque da Mooca, em São Paulo, através de um parto normal, ouvi seu choro. Um brado de vida que me encheu o coração de imensa ternura. Eu dei à luz a uma menina linda. Pele rosada, lábios vermelhinhos, poucos cabelos e um pulmão poderoso que fez todo o setor ouvir seu grito de vida. O médico a colocou sobre mim, ainda toda lambuzada de sangue e resíduos placentários, até que cortasse o cordão umbilical e minhas lágrimas de felicidade deram-lhe as boas vindas.
Não levou a famosa palmada no bumbum, pois saiu de dentro de mim já chorando, enchendo seu pulmãozinho de ar.
Naquela hora eu jamais poderia imaginar o que o destino nos reservava. Eu, também, não sabia que eu não poderia evitar as palmadas que a vida lhe daria. Eu não sabia que eu seria impotente para evitar os sofrimentos que certas atitudes lhe trariam.
A minha menina foi cercada de conforto, carinho, respeito e amor. Mas, todos estes ingredientes não impediram que ela tomasse decisões.
Minha menina virou adolescente. Rebelde sem causa.
Minha menina se apaixonou. Enfrentou o mundo em nome deste amor.
Um dia, a minha menina se tornou mãe. Mãe de menina.
Devo confessar que ela também nasceu para ser mãe. Mãe de meninas. Hoje são quatro. Quatro sementes de minha semente. Na verdade, hoje tenho cinco meninas. Sou feliz.
Neste próximo dia 4 de Abril, quero lhe abraçar muito, minha filha. Comemorar seu aniversário todas nós. Nathalia, Anna Luiza, Fernanda, Giovanna, Kátia e eu. O clube da “Luluzinha”.
Os meninos irão morrer de inveja.
Eu amo você, Kátia, minha menina, assim como amo suas meninas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ajuda no INSS

Revendo alguns documentos antigos, encontrei formulários e protocolos da época em que fui, junto com minha mãe, dar entrada ao pedido de pensão para ela junto ao INSS, após o falecimento de meu querido paizinho. Sempre fui eu quem deu assessoria aos meus pais em qualquer situação que envolvia órgãos públicos, cartórios, repartições, advogados, etc.
Nos idos de 1990 a burocracia era enorme. Filas imensas, funcionários indolentes, reclamações do público e uma gama sem fim de problemas.
Estávamos na fila, minha mãe e eu, aguardando sermos atendidas. Coloquei minha mãe sentada em um dos bancos próximos, pois ela já estava bastante cansada de ficar em pé. Fiquei na fila. De repente, um tumulto num trecho mais atrás da fila. Correria, pedidos de ajuda, alaridos, etc. Vi que tinha uma pessoa caída ao chão... Minha velha mania de me preocupar quando se trata de pessoas, principalmente as idosas, me levou a olhar mais atentamente e escutar o que falavam. O senhor, caído, foi deixado ali no chão e aquilo me incomodava sobremaneira. Saí da fila e pedi ajuda aos demais para colocarmos o homem deitado em um dos bancos que havia próximo do local, enquanto enfermeiras não chegassem para ajudá-lo. Logo passei de mera expectadora para auxiliar de socorro. Quando o pessoal da enfermagem chegou com água, abanadores e, até, um algodão embebido em amônia para despertar do desmaio o homem, eu ainda estava ali, em pé, aguardando os acontecimentos seguintes.
O homem foi se recuperando, aos poucos, e foi sendo indagado sobre o seu nome, endereço e se estava sozinho, etc, estas coisas básicas que perguntam. Ele foi respondendo tudo. Soubemos que ele residia no bairro do Ipiranga em São Paulo.
O encarregado da assistência social da unidade do INSS em que estávamos veio ajudar naquilo que fosse necessário e perguntou aos presentes se havia alguém que morasse perto do senhor enfermo e que se dispusesse em levá-lo para casa, para que ele não fosse embora sozinho. Caso não houvesse ninguém, eles o levariam de ambulância. O homem disse que não precisaria da ambulância e que preferiria ir embora para casa, de ônibus mesmo.
Eu, com meu velho perfil filantrópico e preocupada com a situação daquele homem me prontifiquei em levá-lo para casa, em meu carro. Porém, ele teria de me aguardar, pois que eu precisaria resolver a situação de minha mãe, ali no posto.
Logo o funcionário passou a ficha do homem para o primeiro atendimento e pegou a minha ficha também, agilizando o andamento dos protocolos para que eu pudesse levar aquele homem para casa, o quanto antes.
Fui até onde minha mãe estava e comuniquei a ela o ocorrido e logo fomos atendidos, o homem e nós.
Assim, pude levá-lo para casa, em meu carro, junto com minha mãe. Levamos o Sr. Antonio até a portaria do prédio onde ele residia, aguardei o porteiro abrir o portão e esperei até ele entrar, já acompanhado de sua esposa que veio em seu auxílio. Só depois, voltei para minha casa, em São Bernardo do Campo, levando minha mãe, toda orgulhosa e feliz por ter o seu pedido de pensão previdenciária agilizado.
Desde aquele dia, nos tornamos amigos, o Sr. Antonio e esposa e nós, minha mãe e eu.
Penso que sempre vale à pena ajudar, seja quem for e em que situação for, quando está ao nosso alcance fazê-lo.

terça-feira, 17 de março de 2009

O que é o amor

O que é o amor?
O Amor abrange a compreensão e a tolerância, pois quem ama compreende o ser amado e sabe tolerá-lo em todas as circunstâncias. Então, deduzo que ainda não sabemos amar.
Abrange também a Verdade, pois quem ama sabe que o alvo supremo do Amor é a Verdade. Ainda não somos capazes de falar e ouvir a Verdade.
O amor egoísta do homem por si mesmo expande-se no desenvolvimento psicobiológico como, segundo se sabe, em amor altruísta, amor pelos outros, a partir do núcleo familiar até à Sociedade, à Pátria e à Humanidade.
O Amor não tem limites, mas nós, os homens, somos criaturas limitadas e estamos condicionados, em cada existência, pelas limitações da condição humana.
Nos só sabemos amar, por enquanto e de maneira especial aqueles que estão ligados a nós nesta vida.
Amamos a todos os seres e a todas as coisas na proporção do nosso alcance mental de compreensão da realidade.
Amamos a nossa Terra, o pedaço do mundo em que nascemos e vivemos e a parte populacional a que pertencemos.
Amamos os que estão além da Terra... Aqueles que nos precederam no túmulo e se encontram em outras dimensões do universo.
Ainda impomos limites ao Amor. Limites temporários da nossa condição humana, nesta nossa fase evolutiva.
É este o nosso primeiro degrau para a transcendência espiritual. Na proporção em que a nossa capacidade infinita de amar se concretiza na realidade afetiva (nascida dos sentimentos profundos e verdadeiros do amor) sentimo-nos elevados a planos superiores de afetividade intelecto-moral, respeitando progressivamente todas as expressões da vida e da beleza em todo o Universo.
O Amor não é gosto, nem preferência, nem desejo — é afeição, ou seja, afetividade em ação, fluxo permanente de vibrações psicoemocionais do ser que se expandem em todas as direções da realidade.
Foi por isso que Francisco de Assis amou com a mesma ternura e o mesmo afeto, chamando-os de irmãos, aos minerais, aos vegetais, aos animais, aos homens e aos astros no Infinito.
Da mesma forma que Jesus amou indistintamente a todos nós, mesmo aos seus algozes.
As ondas do Amor atingem a todas as distâncias, elevações e profundidades, não podendo ser medidas, como fazemos com as ondas hertzianas do rádio.
Depois de ultrapassar os limites possíveis da Criação, o Amor atinge o seu alvo maior, que é Deus, e Nele se transfunde.


Estas duas estrelas fazem aniversário hoje e amanhã.

Hoje (19/03) faz a Claudia, minha irmã caçula, estrela do meu céu familiar.

Amanhã (20/03), minha mãe fará 80 anos. A estrela mater de nosso clã.

Clau....pra você o meu mais carinhoso beijo e o mais forte abraço, recheado de amizade e carinho e respeito.

Mãe...talvez não nos falemos mais, nesta encarnação. Talvez não nos vejamos mais. Mas, o meu espírito a vê e lhe agradece pela dádiva da reencarnação. Você e papai deram-nos, a mim e a meus irmãos, esta chance, por amor.

Sou-lhe grata, mãezinha.Que Deus a recompense e a faça receber o meu amor e gratidão, mesmo em meio a confusão de sua cabecinha, acometida pelo Alzheimer, que veio só para que você pudesse repousar um pouco, depois de tantas batalhas da vida.

Claudia, eu te amo! E sei que você dirá comigo, agora: Mamãe, amamos você!

terça-feira, 10 de março de 2009

Memória esquisita


Às vezes acho esquisito. As pessoas vivem angustiadas. Parecem loucas ou mal educadas. Talvez, quem sabe, sofram de miopia. Parece que não enxergam. Miopia mental, se é que existe isso.
Pessoas chamando outras de querida, perguntando se está tudo bem, ou, como vai a família, numa busca para driblar situações e descobrir com quem estão falando. Confundem mãe com filha, perguntam da saúde de quem já morreu, trocam nomes.
Uma espécie de amnésia persegue muitos de nós. A memória falha. Tem gente que fica revirando a bolsa, procurando os óculos que estão bem na testa ou pendurados ao pescoço. Quantos esquecem as chaves no escritório e não conseguem entrar em casa sem a ajuda do chaveiro de plantão. Guarda-chuva? O que é isso? Parece fora de uso. Nunca nos lembramos de pegá-lo.
Há quem fique escaneando a memória atrás de palavras e informações que se escondem na confusão dos neurônios. Embatucam no meio de frases e acontece o pior: não sabem mais o que iam dizer.
Dezenas de recados, anotados em “post-its” diversos que nem se lembram de ler. A memória cada vez mais cansada, diminuída.
Mas, engraçado que temos memória de elefante para coisas que não tem a menor utilidade prática, como por exemplo, letras de gingles de comerciais antigos, números de telefone das colegas da escola primária, melodias que, a um breve acorde, cenas inteiras revivemos como se tivessem acontecido naquele instante, poesias que recitamos de cor e que aprendemos na infância... Estranho, né? Ou melhor, não é estranho, pois a expressão “de cor” vem do latim cuore, que quer dizer coração e, o que passa pelo coração, nunca esquecemos.
Nem adianta querer dizer que se está ficando velho, porque temos de deixar de lado antigos preconceitos. Mesmo porque, a memória dos jovens não é melhor, tem apenas mais espaço livre.
Desperdiçamos memória com bobagens que nunca iremos usar. Para que serve saber quantos são os afluentes do Rio São Francisco?
Será melhor selecionar as zilhões de informações que recebemos, deletar o que não importa e armazenar o que interessa.
A medicina já é capaz de nos ajudar a potencializar nossa memória. Os médicos indicam certos medicamentos, mas, só irão funcionar se lembrarmos de tomá-los.
Palavras cruzadas são ótimas para o exercício de reter informações. 15 quilos correspondem a uma arroba. Einstein tinha como primeiro nome Albert...
Aquela atriz que fez aquele filme lindo e que o rapaz morre e tenta falar com ela através daquela outra que também fez aquele outro filme em que ela se disfarçou de freira, num convento onde várias freiras cantavam. Lembrei... Esta atriz do filme do rapaz que morreu foi casada com aquele ator, meio carequinha e que também fez aquele outro filme em que era um psiquiatra e que tenta ajudar o menino que via pessoas que já haviam morrido...
Desisto.
Penso que seria melhor instalarmos um upgrade na memória e, também, um sistema de busca.
Busquei no Google e o filme é o Ghost. Isso. Busquei novamente e a atriz é a Demi Moore. A outra é a Woopi Goldberg.
Não levou nem um minuto. É claro que eu sabia! A informação só estava perdida no buraco negro da mente.
Ainda bem. Fiquei mais animada. Já estava me somando ao total de pessoas que só comem gergelim para lembrar o nome do grão.
Oh medicina! Ajuda nosso cérebro avançar tanto quanto avança a ciência!