quarta-feira, 30 de março de 2011

Pensamentos radioativos

Estou em plena dieta sem iodo. Em breve, terei de tomar iodo 131. Precisam saber se ainda tem alguma célula cancerígena em mim.

Tudo isso ainda é muito novo, para mim... Estou sem tomar o medicamento T4 e já começo a ter sintomas pela falta dele, embora esteja otimista e confiante.

Sei que é necessário tudo isto. Então, vamos fazer.

Às vezes, não tenho vontade de nada... Nem de escrever. Outras, sinto vontade de falar sobre tudo isto, sem que eu tivesse de dizer uma só palavra. Queria que todos pudessem ler meus pensamentos e sentimentos. Assim, saberiam como me sinto.

Não me perturbo pela alimentação limitada. Só sinto falta do Puran.

Engraçado... O mundo todo preocupado com o vazamento da usina nuclear no Japão... Iodo 131... Eu me preparando para tomar o tal iodo 131... Putz, não tem como não lembrar. Não tem como não se emocionar. Não apenas com o horror do tsunami e dos terremotos, arrastando vidas e destruindo cidades inteiras... Não tem como não deixar de pensar nas pessoas que moram ali e que podem estar contaminadas.

A vontade de ajudar e de poder falar é enorme. Pois, curioso, o iodo radioativo também pode salvar. É isso mesmo, cercado de cuidados, ele faz bem.

Sei que, para pessoas saudáveis, a radioatividade não é nem um pouco boa, muito pelo contrário. É um veneno. Veneno que, no meu caso, e no de milhares de outras pessoas, cura.

Não sou contra as usinas nucleares. Sou contra a falta de segurança nas usinas nucleares. Sou contra o poder público que coloca em risco a vida de milhares de pessoas que moram na região de usinas nucleares. Sou contra a falta de vontade dos órgãos competentes em colocar em segurança as pessoas que se arriscam em morar nessas regiões.

Acho sim, que temos de ter estas usinas, que fabriquem não armas nucleares, mas remédios que curam ou ajudam a curar.

Pena que ainda não inventaram uma forma dessa radioatividade só atingir e ser benéfica para quem precisa. Ainda não chegamos lá.

Por enquanto, torçamos para que o menor número possível de pessoas seja contaminado... Bom seria se ninguém fosse contaminado e que mais esta tragédia sirva de lição e incentivo para melhorarem as condições de segurança e bem estar para as populações que moram em regiões nucleares...

Viu só? Me pego no flagra divagando sobre o iodo...

Agora, vou pensar nos dias felizes, na oportunidade de vida que Deus me deu, uma vez mais, depois da tireoidectomia, e em tudo de bom que podemos realizar quando temos vontade, determinação e empenho.